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Irã se diz disposto a negociar se Estados Unidos retirarem sanções

Os Estados Unidos deixaram o acordo nuclear de 2015 no ano passado e passou a aplicar severas sanções ao Irã

Irã: "Se eles removerem as sanções, estaremos prontos para conversar com a América hoje, agora e em qualquer lugar", afirmou Rohani (Pool/Base de Dados/Getty Images)

Irã: "Se eles removerem as sanções, estaremos prontos para conversar com a América hoje, agora e em qualquer lugar", afirmou Rohani (Pool/Base de Dados/Getty Images)

AB

Agência Brasil

Publicado em 15 de julho de 2019 às 10h05.

O presidente do Irã, Hassan Rohani, afirmou que seu país está pronto para voltar a negociar com os Estados Unidos, caso Washington remova as pesadas sanções econômicas contra o país e retorne ao acordo nuclear de 2015.

"Sempre acreditamos em conversações", disse Rohani. "Se eles removerem as sanções, encerrarem a pressão econômica e voltarem ao acordo, estaremos prontos para conversar com a América hoje, agora e em qualquer lugar, contanto que encerrem as intimidações e punições", disse Hassan Rohani ontem (15).

O governo do presidente americano, Donald Trump, se diz aberto a negociar com o Irã um acordo mais amplo sobre a questão nuclear e outros temas de segurança. Teerã impôs como condição a liberação de suas exportações de petróleo no mesmo volume de antes de os EUA se retirarem, no ano passado, do acordo nuclear de 2015, assinado pelos dois países e Rússia, China, Reino Unido, França e Alemanha.

"Mudamos nossa estratégia da paciência para a retaliação. Qualquer ação que o outro lado tome, retaliaremos à altura", disse o líder iraniano. "Se eles reduzirem, nós também vamos reduzir nossos compromissos [com o acordo nuclear]. Se eles os implementarem, nós também implementaremos os nossos."

As tensões entre Washington e Teerã vêm se acirrando. Na semana passada, a agência atômica da ONU confirmou que a República Islâmica voltou a enriquecer urânio acima dos níveis estabelecidos pelo acordo nuclear de 2015, após a reimposição de pesadas sanções americanas contra o país.

O enriquecimento de urânio acima dos níveis permitidos poderia colocar Teerã no caminho para desenvolver armas nucleares. Os iranianos já afirmaram que podem subir os níveis de enriquecimento muito além dos termos do acordo, que estabelece o limite 3,67%.

O episódio exacerbou ainda mais as tensões entre o Irã e o Ocidente, já acirradas após um ataque recente a dois petroleiros e o abatimento de um drone americano sobre o Estreito de Ormuz serem atribuídos ao Irã, o que deixou os EUA próximos de realizarem um ataque aéreo a alvos iranianos, que teria sido cancelado na última hora.

Também ontem os governos da Alemanha, França e Reino Unido expressaram preocupação com a situação no Golfo Pérsico e com o futuro do acordo nuclear. "Acreditamos que chegou a hora de agir com responsabilidade e de buscar meios para encerrar o aumento das tensões e reiniciar o diálogo", afirma a declaração assinada por lideranças dos três países.

A declaração foi assinada após o presidente francês, Emmanuel Macron, receber a chanceler federal alemã, Angela Merkel, e o ministro britânico David Lidington nas comemorações do Dia da Bastilha em Paris.

"Os riscos são tamanhos que é necessário que todas as partes interessadas façam uma pausa e considerem as possíveis consequências de suas ações", diz o texto.

"Estamos preocupados com o risco de que o JCPoA (sigla em inglês para Plano de Ação Integral Conjunto, nome oficial do acordo nuclear com o Irã) se desmantele ainda mais sob o peso das sanções impostas pelos EUA e após a decisão do Irã de não mais implementar várias das disposições centrais do tratado", disseram os europeus.

Os três países alertaram contra a "deterioração da segurança na região" e asseguraram que o apoio ao acordo será mantido, mas "condicionado ao cumprimento total por parte do Irã".

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