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Irã rejeita proposta dos EUA para negociações diretas sobre programa nuclear

Líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, também ameaçou uma 'reação forte' caso os EUA ou seus aliados bombardeiem o país

As relações diplomáticas entre Irã e Estados Unidos estão rompidas desde 1980 (Andrew Harnik / Getty Images/AFP)

As relações diplomáticas entre Irã e Estados Unidos estão rompidas desde 1980 (Andrew Harnik / Getty Images/AFP)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 6 de abril de 2025 às 12h10.

O governo do Irã rejeitou neste domingo a proposta do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, para negociações diretas sobre o programa nuclear do país. A recusa ocorre apesar das recentes ameaças de Trump de bombardear o Irã caso não se alcance o acordo. Na última segunda-feira, o líder supremo iraniano, aiatolá Ali Khamenei, também ameaçou uma "reação forte" se os EUA ou seus aliados bombardearem o país.

"As negociações diretas não fariam sentido com uma parte que constantemente ameaça usar a força, e cujos diferentes representantes expressam posições contraditórias", afirmou o ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Araqchi, acrescentando que, ainda assim, o país não está fechado ao diálogo. "Mas continuamos comprometidos com a diplomacia e estamos prontos para tentar o caminho das negociações indiretas".

Uma alta autoridade iraniana alertou os países vizinhos que abrigam bases militares dos Estados Unidos de que eles podem se tornar alvos. Embora o Irã tenha rejeitado a proposta, Teerã está disposto a manter o diálogo indireto por meio de Omã, um tradicional canal de comunicação entre os países, informou a fonte à agência Reuters, sob condição de anonimato.

"Conversas indiretas oferecem uma chance de avaliar a seriedade de Washington sobre uma solução política com o Irã", disse a autoridade. Para a fonte, embora esse caminho possa ser "difícil", tais negociações podem começar em breve se as mensagens dos EUA as apoiarem.

Há décadas, as potências ocidentais, lideradas pelos Estados Unidos, acusam o Irã de querer desenvolver armas nucleares. Teerã, por sua vez, nega as acusações e afirma que seu programa nuclear tem fins exclusivamente civis.

No mês passado, Trump enviou uma carta às autoridades iranianas propondo negociações sobre seu programa nuclear, mas, ao mesmo tempo, ameaçou bombardear o país e impôs novas sanções ao setor petrolífero iraniano.

As relações diplomáticas entre Irã e Estados Unidos estão rompidas desde 1980, um ano após a Revolução Islâmica. Desde então, os dois países comunicam-se apenas por vias indiretas, principalmente por meio da embaixada suíça em Teerã.

Trump prefere negociações diretas

Durante um pronunciamento na última quinta-feira, Trump reforçou sua preferência por uma negociação direta.

"É mais rápido e se compreende muito melhor o outro lado do que se for por meio de intermediários", declarou o republicano, a bordo do avião presidencial Air Force One. Segundo ele, os iranianos “queriam intermediários”, mas “não acho que esse continue sendo o caso”.

Em resposta, o presidente iraniano, Masoud Pezeshkian, eleito com a promessa de reabrir canais diplomáticos com o Ocidente, questionou o tom agressivo dos Estados Unidos.

"Se quer negociar, de que serve ameaçar?", questionou o presidente no sábado, enfatizando que o objetivo do Irã é aliviar as sanções econômicas e impulsionar a economia nacional.

Em 2015, o Irã fechou um acordo com os membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU (China, Rússia, Estados Unidos, França e Reino Unido) e com a Alemanha para supervisionar suas atividades nucleares. Contudo, em 2018, Trump retirou os EUA do acordo, reinstaurando sanções econômicas. Em contrapartida, o Irã acelerou seu programa nuclear.

Apesar de negar qualquer intenção de produzir armamento nuclear, o conselheiro do líder supremo do Irã, Ali Larijani, alertou: "o país não terá outra opção senão desenvolver esse tipo de armamento caso seja atacado pelos Estados Unidos".

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