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Irã reitera que ataque à base dos EUA foi retaliação à morte de Soleimani

Nesta terça-feira, Irã atacou bases americanas no Iraque e também deu a entender que Israel, parceiro dos EUA, está no alvo

Aiatolá Khamenei: líder supremo do país havia prometido "vingança" após morte de general iraniano (Official Khamenei website/Reuters)

Aiatolá Khamenei: líder supremo do país havia prometido "vingança" após morte de general iraniano (Official Khamenei website/Reuters)

AB

Agência Brasil

Publicado em 8 de janeiro de 2020 às 06h48.

Última atualização em 8 de janeiro de 2020 às 07h41.

São Paulo — Em nota divulgada nesta quarta-feira (8), por meio da TV estatal, a Guarda Revolucionária Islâmica do Irã informa que a Força Aérea do país bombardeou a Base Aérea de al-Asad com vários mísseis, em retaliação ao assassinato do herói Qassem Soleimani". O nome da operação foi "Mártir Soleimani".

"Nós alertamos os arrogantes Estados Unidos de que quaisquer novas provocações levarão a retaliações mais graves e destrutivas", acrescenta o comunicado.

O Irã também deu a entender que Israel, apoiado pelos EUA, poderia se tornar alvo de um ataque militar. "Nós não distinguimos os governos americano e sionista".

Na noite desta terça-feira, o Irã disparou dezenas de mísseis contra bases utilizadas por americanos no Iraque.

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohamad Javad Zarif, declarou que seu país "adotou e concluiu" medidas de represálias "proporcionais" diante do assassinato do general Soleimani, mas destacou que seu país "não busca a guerra" com os Estados Unidos.

No Twitter, Zarif disse que as medidas estão alinhadas com "a Carta da ONU ao visar uma base de onde são lançados ataques contra nossos cidadãos e oficiais de alta patente". "O Irã não busca uma escalada ou a guerra, mas nos defenderemos de qualquer agressão".

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reagiu ao ataque informando em um tuíte que "a avaliação de danos e vítimas está em andamento", mas "até agora, tudo bem".

"Temos o Exército mais poderoso e melhor equipado do mundo", recordou Trump, que fará "uma declaração" na manhã desta quarta-feira.

O assistente de Defesa para Assuntos Públicos, Jonathan Hoffman, disse que "está claro que estes mísseis foram lançados do Irã e visavam ao menos duas bases militares iraquianas que abrigam pessoal militar americano e da coalizão, em Al-Assad e Erbil".

Hoffman declarou que o Pentágono está trabalhando em uma "avaliação preliminar dos danos" e na "resposta" ao ataque.

Até o momento não há informações sobre baixas nas bases.

"Nos últimos dias e diante das ameaças e ações do Irã, o departamento de Defesa adotou todas as medidas apropriadas para defender nosso pessoal e seus parceiros. As bases estavam em alerta máximo diante das indicações de que o regime iraniano planejava atacar nossas forças e interesses na região".

Hoffman acrescentou que os Estados Unidos tomarão "todas as medidas necessárias para proteger e defender o pessoal americano, parceiros e aliados na região".

Segundo fontes iraquianas, o ataque ocorreu em três ondas logo após a meia-noite local e ao menos nove mísseis atingiram a base de Ain al-Assad.

Aviões de combate não identificados sobrevoaram Bagdá na madrugada de quarta-feira, constataram os jornalistas da AFP na capital iraquiana.

A Casa Branca revelou que o presidente americano, Donald Trump, foi informado do ataque e acompanha a situação de perto.

"Estamos a par dos ataques a instalações dos Estados Unidos no Iraque. O presidente foi informado e está monitorando de perto a situação e consultando sua equipe de segurança nacional", informou a porta-voz Stephanie Grisham.

Voos redirecionados

Com a escalada da tensão, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) proibiu as empresas aéreas registradas nos Estados Unidos a sobrevoar Iraque, Irã e o Golfo Pérsico.

"A FAA emitiu avisos aos pilotos esta noite explicando as restrições de voo (...) no espaço aéreo sobre Iraque, Irã e as águas do Golfo Pérsico e do Golfo de Omã".

"A FAA continuará monitorando de perto os eventos no Oriente Médio".

A líder do Partido Democrata na Câmara de Representantes, Nancy Pelosi, declarou que os Estados Unidos "devem garantir a segurança dos membros das nossas forças, deter as provocações desnecessárias da administração e exigir que o Irã para com sua violência".

Segundo Pelosi, "os Estados Unidos e o mundo não podem se permitir a guerra".

O congressista Eliot Engel, presidente do Comitê de Relações Exteriores, disse à CNN que os ataques "podem muito bem" significar que os Estados Unidos estão em guerra.

O ataque derrubou as bolsas asiáticas na manhã de quarta-feira.

Por volta das 10H15 local, a Bolsa de Tóquio recuava 2,44%, Hong Kong perdia 1,35%, Xangai, 0,47%, e Shenzhen, 0,63%.

Já os preços do petróleo subiam com força no marcado asiático. O barril do WTI era cotado a 65,54 dólares, em alta de 2,84 dólares ou 4,53%.

Morte de Soleimani

Na noite da última quinta-feira (02), o general e intitulado herói iraniano Qasem Soleimani morreu em um ataque dos Estados Unidos contra o Aeroporto de Bagdá, três dias após manifestantes pró-Irã tentarem invadir a embaixada americana na capital do Iraque.

Segundo o departamento americano de Defesa, a ordem para liquidar Soleimani partiu diretamente de Donald Trump.

“Sob as ordens do presidente, o Exército americano adotou medidas defensivas decisivas para proteger o pessoal americano e estrangeiro e matou Qasem Soleimani”, informou o Pentágono.

O ataque provocou preocupações em todo o mundo, com pedidos de calma para evitar uma “escalada”, enquanto Teerã prometeu represálias. O guia supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, ameaçou “vingar” a morte de Soleimani e decretou três dias de luto nacional.

O general Soleimani foi enterrado nesta terça-feira em sua cidade natal de Kerman, no sudeste do Irã, em um funeral acompanhado por milhares de pessoas.

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