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Irã reduz compromissos do acordo nuclear abandonado pelos EUA

O Irã ameaça retomar o enriquecimento de urânio em 60 dias se as sanções dos EUA contra o petróleo e bancos do país não forem revertidas

Irã: os EUA deixaram o acordo nuclear de 2015 há exatamente um ano (Iranian Presidency / Handout/Anadolu Agency/Getty Images)

Irã: os EUA deixaram o acordo nuclear de 2015 há exatamente um ano (Iranian Presidency / Handout/Anadolu Agency/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 8 de maio de 2019 às 10h33.

Última atualização em 8 de maio de 2019 às 10h48.

Londres — O Irã anunciou nesta quarta-feira que está reduzindo as limitações impostas por um acordo de 2015 com potências mundiais ao seu programa nuclear, e ameaçou fazer mais — inclusive enriquecer urânio em um nível mais alto — se os países signatários do pacto não o protegerem de sanções dos Estados Unidos.

Um ano depois de Washington se desligar do acordo nuclear, o presidente Hassan Rouhani revelou medidas que ainda não parecem violar os termos do acordo, mas que podem fazê-lo no futuro se o Irã persistir no rumo que adotou.

Rouhani disse que Teerã suspenderá as vendas de sobras de urânio enriquecido e água pesada a outras nações. Tais vendas, usadas para manter os estoques iranianos abaixo dos limites do acordo, já estavam efetivamente bloqueadas por sanções adotadas pelos EUA na semana passada.

O presidente ainda ameaçou retomar o enriquecimento de urânio abaixo no nível já baixo permitido pelo pacto em 60 dias, a menos que as cinco potências que permanecem no acordo se comprometam a encontrar uma maneira de proteger o petróleo e as indústrias bancárias do Irã das sanções norte-americanas.

"Se os cinco países vierem à mesa de negociação e chegarmos a um acordo, e se eles puderem proteger nossos interesses nos setores petroleiro e bancário, voltaremos ao início", disse Rouhani.

"O povo iraniano e o mundo deveriam saber que hoje não é o fim do JCPOA", disse, usando a sigla do acordo nuclear. "Estas são ações alinhadas ao JCPOA".

O pacto de 2015 foi assinado por Irã, EUA, França, Reino Unido, Rússia e Alemanha. Sob o acordo, o Irã aceitou limites ao seu programa nuclear em troca da suspensão de sanções.

Os aliados europeus de Washington se opuseram à decisão do presidente Donald Trump de retirar seu país do acordo e vêm tentando encontrar maneiras de atenuar o impacto das novas sanções dos EUA na esperança de persuadir Teerã a continuar respeitando-o.

Mas os esforços fracassaram em grande parte, já que todas as grandes empresas europeias descartaram planos de negócios com o Irã por medo da punição norte-americana.

A ministra da Defesa francesa disse que quer manter o acordo vivo e que o Irã pode enfrentar mais sanções se não cumpri-lo: "Hoje nada seria pior do que o próprio Irã deixar o acordo", disse Florence Parly à BFM TV.

O Kremlin culpou Washington pela decisão iraniana, e a China disse que o pacto deveria ser implantado, pedindo que todos os lados evitem uma escalada nas tensões.

O ministro das Relações Exteriores iraniano, Javad Zarif, tuitou: "Após um ano de paciência, o Irã interrompe medidas que os EUA tornaram impossível manter".

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