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Irã reclama de pressão da França antes de negociação nuclear

Após uma década de controvérsias e de tensão, o objetivo desta reunião é terminar com a desconfiança no programa nuclear de Teerã


	Hassan Rohani: "Do nosso ponto de vista, não se deve criar uma situação na qual a vontade das partes de chegar a um acordo mutualmente aceitável seja afetada", diz o presidente
 (Afp.com / ATTA KENARE)

Hassan Rohani: "Do nosso ponto de vista, não se deve criar uma situação na qual a vontade das partes de chegar a um acordo mutualmente aceitável seja afetada", diz o presidente (Afp.com / ATTA KENARE)

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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2013 às 16h16.

Genebra - As exigências ocidentais, formuladas com firmeza pelo presidente francês, François Hollande, mantêm uma forte pressão sobre o Irã antes da retomada, na quarta-feira, em Genebra, das negociações sobre o programa nuclear da República Islâmica.

Isso levou Teerã a reclamar das exigências ocidentais.

Após uma década de controvérsias e de tensão, o objetivo desta reunião, a terceira em cinco semanas, é ir terminando com a desconfiança no programa nuclear de Teerã, que o país garante ter fins civis, embora as potências ocidentais suspeitem que queira obter uma bomba atômica.

De visita a Israel, que se opõe à suavização das sanções contra o Irã, Hollande fez no domingo quatro exigências.

"A primeira demanda: colocar todas as instalações nucleares iranianas sob supervisão internacional, agora. Segundo ponto: suspender o enriquecimento (de urânio) a 20%. Terceiro ponto: reduzir as reservas existentes. E, finalmente, suspender a construção da usina de Arak", criada para produzir plutônio, uma alternativa ao urânio altamente enriquecido que é utilizado para fabricar uma bomba.

"Mais vale um bom acordo que um ruim, aí estamos de acordo", declarou ainda Hollande, que parecia expressar a postura do grupo 5+1 (Estados Unidos, Rússia, China, Grã-Bretanha, França, além da Alemanha), que negocia com a República Islâmica.

Mark Fitzpatrick, do Instituto Internacional de Estudos Estratégicos (IISS), considera que "é essencialmente o projeto de acordo" e que a novidade não reside tanto nas exigências, mas no nível de detalhes formulados e no fato de que foram pronunciados ao nível de um chefe de Estado do grupo 5+1.


O especialista declarou à AFP que o controle internacional já é uma realidade através da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), o organismo da ONU.

Em resposta a estas exigências, o Irã advertiu nesta segunda-feira contra as demandas excessivas por parte das grandes potências ocidentais, que podem complicar um acordo, indicou o presidente Hassan Rohani em declarações publicadas no site do governo.

"Nas recentes negociações (em Genebra) ocorreram progressos importantes, mas todos devem ter em mente que as demandas excessivas podem complicar o processo para um acordo no qual todas as partes ganhem", afirmou Rohani em uma conversa por telefone com seu colega russo Vladimir Putin publicada no site http://www.dolat.ir.

"Do nosso ponto de vista, não se deve criar uma situação na qual a vontade das partes de chegar a um acordo mutualmente aceitável seja afetada", acrescentou o presidente iraniano.

Na semana passada em Genebra, nenhum acordo foi alcançado após três dias de intensas negociações, entre outras coisas pelas objeções da França.

Autoridades americanas, europeias e russas consideram que um acordo interino sobre o congelamento no estado das atividades nucleares do Irã em troca de suavizar as sanções que asfixiam sua economia está ao alcance da mão.

O presidente russo, Vladimir Putin, indicou em um comunicado que apareceu "uma oportunidade real para encontrar uma solução a este velho problema, depois de conversar por telefone com Rohani.


No entanto, Teerã havia indicado no domingo que as negociações seriam difíceis.

O ministro iraniano das Relações Exteriores, Mohammad Javad Zarif, repetiu que o direito do Irã ao enriquecimento de urânio não é negociável. A suspensão total do enriquecimento é nossa linha vermelha e não a cruzaremos, acrescentou.

As promessas do Irã quanto ao caráter pacífico de seu programa nuclear contrastam com o aumento contínuo de suas capacidades, especialmente do número de centrífugas, e com as obras de construção do reator de Arak, que o Irã espera colocar em andamento em 2014.

As discussões desta semana buscarão alcançar um acordo interino. Caso seja alcançado, o Irã deixará de enriquecer urânio a 20%, reduzirá suas reservas e interromperá as obras de construção de Arak.

Em troca, as sanções internacionais que pesam sobre o Irã se suavizarão.

Durante esta primeira fase de vários meses, será negociado um acordo definitivo que envolva uma redução permanente do tamanho do programa iraniano e o cancelamento das sanções.

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