Agência de notícias
Publicado em 29 de junho de 2025 às 09h28.
O chefe da agência de vigilância nuclear da ONU, Rafael Grossi, disse a um veículo de comunicação americano que o Irã possivelmente começará a produzir urânio enriquecido "em questão de meses", apesar dos graves danos nas instalações nucleares após os ataques de Israel e dos Estados Unidos.
Israel atacou instalações nucleares e militares do Irã no dia 13 de junho, com o objetivo de evitar que a República Islâmica desenvolvesse uma bomba atômica, uma ambição que Teerã negou.
Os Estados Unidos se juntaram à campanha israelense e bombardearam três locais nucleares cruciais do programa nuclear iraniano, que o país defende como de uso civil.
O ministro das Relações Exteriores do Irã, Abbas Aragchi, disse que os danos a esses locais foram "significativos", mas os detalhes são desconhecidos. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que o programa nuclear de Teerã retrocedeu "décadas".
Mas o argentino Grossi, chefe da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), declarou na sexta-feira que "ainda há algo que permanece".
"Eles podem ter, sabe, eu diria que em questão de meses, algumas etapas de centrífugas girando e produzindo urânio enriquecido, ou menos que isso", disse Grossi, de acordo com a transcrição divulgada neste sábado de uma entrevista para a CBS News.
Outra questão-chave é se o Irã conseguiu ou não realocar parte (ou toda) a reserva de urânio altamente enriquecido antes dos ataques, cuja quantidade é estimada em 408,6 quilos.
Esse urânio estaria enriquecido a 60%, muito acima dos níveis para uso civil, mas ainda abaixo do necessário para construir armas nucleares. Se refinado posteriormente, esse material seria suficiente para mais de nove bombas.
"Não sabemos onde esse material pode estar", admitiu Grossi à CBS. "Uma parte pode ter sido destruída nos ataques, mas outra parte pode ter sido transferida. Portanto, em algum momento, tem que haver um esclarecimento", acrescentou.
Os legisladores iranianos votaram para suspender a cooperação com a AIEA, e Teerã rejeitou o pedido de Grossi para visitar as instalações, especialmente Fordo, a principal usina de enriquecimento.