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Irã faz novas ameaças nucleares que podem reverter progresso de acordo

País aumentou o enriquecimento de urânio, superou o limite de 4,5% e já fala em 20% de pureza do elemento

Irã: país aumentou enriquecimento de urânio (Nazanin Tabatabaee Yazdi/TIMA/Reuters)

Irã: país aumentou enriquecimento de urânio (Nazanin Tabatabaee Yazdi/TIMA/Reuters)

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Reuters

Publicado em 8 de julho de 2019 às 18h45.

O Irã ameaçou retomar centrífugas desativadas e intensificar seu enriquecimento de urânio para 20% de pureza, contrariando um acordo nuclear de 2015 que Washington abandonou no ano passado.

As ameaças, feitas nesta segunda-feira (8) pelo porta-voz da agência nuclear iraniana, iriam bem adiante dos pequenos passos que o Irã já tomou na última semana para levar os estoques de material físsil pouco além dos limites estabelecidos no pacto. Isso pode levantar sérias questões sobre se o acordo, que visa impedir o Irã de construir uma arma nuclear, segue viável.

As duas ameaças reverteriam grandes conquistas do acordo, embora o Irã tenha omitido detalhes importantes sobre quão longe poderá ir para retornar ao status quo de antes do pacto, quando especialistas ocidentais acreditavam que o país poderia construir uma bomba em meses.

Paralelamente, o ministro das Relações Exteriores do Irã acusou o Reino Unido de "pirataria" por tomar um navio-tanque petroleiro iraniano na semana passada. O Reino Unido diz que o navio ia para a Síria, violando sanções da União Europeia.

Behrouz Kamalvandi, porta-voz da Organização de Energia Atômica Iraniana, confirmou que o país havia enriquecido urânio para além do limite previsto no acordo, de 3,67% de pureza, superando 4,5%, de acordo com a agência de notícias ISNA.

A agência de fiscalização nuclear da Organização das Nações Unidas, a IAEA (na sigla em inglês), confirmou ter verificado que o enriquecimento pelo Irã estava acima de 3,67%.

O Irã disse que adotará um terceiro passo, contrariando o acordo dentro de 60 dias. Kamalvandi disse que as opções incluem o enriquecimento de urâncio para pureza de 20% ou acima, e retomar as centrífugas IR-2 M, desmanteladas sob o acordo.

Tais ameaças impõem nova pressão sobre países europeus, que insistem que o Irã deve continuar a cumprir com o acordo ainda que os Estados Unidos não estejam mais fazendo isto.

O presidente francês, Emmanuel Macron, enviará seu principal assessor diplomático ao Irã entre terça e quarta-feira para tentar ajudar a diminuir as tensões, disse uma autoridade da presidência.

Também nesta segunda-feira, o vice-presidente norte-americano, Mike Pence, disse que os EUA estão dispostos a dialogar com o Irã sobre seu programa nuclear e não buscam guerra, mas que o governo do presidente norte-americano, Donald Trump, está preparado para proteger interesses e vidas dos EUA.

 

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