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Irã é ameaça não só para Israel, diz Merkel

Merkel não chegou a endossar a exigência de seu anfitrião de que o governo iraniano renuncie a todos os projetos nucleares em andamento


	A chanceler alemã, Angela Merkel: "nós vemos a ameaça não só como uma ameaça ao Estado de Israel, mas como uma ameaça geral também para a Europa"
 (Tobias Schwarz/Reuters)

A chanceler alemã, Angela Merkel: "nós vemos a ameaça não só como uma ameaça ao Estado de Israel, mas como uma ameaça geral também para a Europa" (Tobias Schwarz/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 25 de fevereiro de 2014 às 12h56.

Jerusalém - A Alemanha considera o Irã uma potencial ameaça não só para Israel, mas também para os países europeus, disse nesta terça-feira a chanceler alemã, Angela Merkel, em entrevista concedida ao lado do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu.

Mas Merkel não chegou a endossar a exigência de seu anfitrião de que o governo iraniano renuncie a todos os projetos nucleares em andamento, como parte de qualquer acordo negociado com as potências mundiais, e reiterou a oposição alemã aos assentamentos israelenses em terras ocupadas nas quais os palestinos querem estabelecer seu Estado.

A Alemanha é o mais importante aliado de Israel na Europa, continente que preocupa o governo de Netanyahu pela redução de apoio aos israelenses por causa das problemáticas conversações de paz com os palestinos. Isso faz com que os pontos de vista de Merkel sejam um termômetro do sentimento europeu em relação às questões do Oriente Médio.

A chanceler alemã visitou Jerusalém com seu gabinete para marcar quase 50 anos de relações bilaterais com Israel, Estado que em parte foi fundado como um refúgio para os sobreviventes do Holocausto.

"Nós vemos a ameaça não só como uma ameaça ao Estado de Israel, mas como uma ameaça geral também para a Europa", disse ela, referindo-se à possibilidade de o Irã produzir uma bomba atômica. Ela acrescentou que a Alemanha vai buscar conversações internacionais com o Irã sobre suas atividades nucleares.

A diplomacia deu a arrancada com um acordo provisório em novembro, que Netanyahu criticou, qualificando-o como "um erro histórico" por resultar na remoção de parte das sanções contra o Irã, mas sem impor ao país a eliminação de sua infraestrutura de enriquecimento de urânio e, potencialmente, de produção de plutônio.


O Irã afirma que seus projetos nucleares são pacíficos.

Netanyahu, cujo país é classificado de modo geral como o único com um arsenal atômico no Oriente Médio, reconheceu que as potências mundiais "conversaram sobre a possibilidade de algum enriquecimento" de urânio no Irã, como parte de um acordo final.

Status quo

"Acho que é um erro", disse ele. "Todos os líderes com os quais conversei no Oriente Médio concordam com essa posição. Por que? Porque se o Irã realmente quer apenas energia nuclear pacífica não precisa de nenhum enriquecimento. Não precisa de centrífugas." Ao ser perguntada se concordava, Merkel foi cautelosa. "É claro que há uma diferença de opinião aqui no que se refere a essas negociações e se elas deveriam ser realizadas. Nós seguimos o caminho do baixo enriquecimento, mas o enriquecimento acontece e acredito que possamos ser bem-sucedidos", disse.

"A questão é se seremos capazes de alcançar um resultado que seja melhor do que a atual situação. Nós decidimos que é melhor participar nas negociações porque acreditamos que isso seja melhor do que o status quo." Tanto Netanyahu como Merkel se posicionaram contra as campanhas feitas na Europa pelo boicote de produtos israelenses em solidariedade aos palestinos, dizendo que tais iniciativas prejudicam a busca pela paz.

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