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Irã deve receber convite para entrar no Brics, e Amorim diz que decisão cabe aos chefes de Estado

Celso Amorim, assessor especial de Lula, considera que acerto entre os governantes têm mais peso do que os critérios defendidos por diplomatas

Celso Amorim, assessor especial de Lula, em imagem de arquivo (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Celso Amorim, assessor especial de Lula, em imagem de arquivo (Antonio Cruz/Agência Brasil)

Publicado em 23 de agosto de 2023 às 14h20.

O embaixador Celso Amorim, assessor especial do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta quarta-feira, 23, que os líderes do Brics devem confirmar logo mais convite a pelo menos cinco países para ingressar como membros plenos do bloco e que a decisão política dos governantes se sobrepõe a critérios discutidos entre diplomatas.

"Esse negócio de critérios, sabe, escolhe os países e depois você define os critérios", disse o ex-chanceler, mais influente conselheiro de Lula na política externa.

O governo brasileiro havia pedido antes critérios para aprovar a expansão do Brics e queria explorar oportunidades para conseguir apoio chinês ao pedido para ter uma vaga no Conselho de Segurança das Nações Unidas. As negociações seguem em curso.

Entre os países que poderão aderir ao Brics está o Irã. Teerã iniciou uma campanha diplomática para ingressar no bloco e pediu inclusive o apoio do governo Lula. Embora o governo brasileiro negue ter feito uma lista própria com candidatos que apoia, também não veta nenhum dos nomes cotados.

Além do Irã, uma novidade nos últimos dias de negociação, que apareceu em listas sugeridas por Rússia e África do Sul, estão entre os cinco primeiros a Arábia Saudita, a Argentina, o Egito, os Emirados Árabes Unidos e a Indonésia.

Nas reuniões mais recentes, porém, os países foram informados de que a Indonésia poderia adiar o processo de adesão, por estar na presidência da Asean e ter outros compromissos diplomáticos na Ásia. Isso pode adiar a adesão de Jacarta ao Brics.

"O Brasil não tem problema com nenhum dos nomes colocados (para ingressar como membros dos Brics", afirmou o ex-chanceler. Amorim também indicou que o Brics poderá adotar categorias de países parceiros, em vez de membros, para contemplar os 23 pedidos de adesão.

"O Brasil favorece membros plenos, mas terá também parceiros porque tem 20 e tantos países pedindo e obviamente não é possível entrar todo mundo de uma vez", disse Amorim. "Não é um critério absoluto, mas é natural que se procure um certo equilíbrio geográfico, países que representem uma certa diversidade."

A expressão Bric, que soa como "tijolo" em inglês, foi criada em 2001, pelo economista Jim O'Neil. A sigla reúne as primeiras letras de Brasil, Rússia, Índia e China. A África do Sul (South Africa, em inglês) se juntou depois. São todas grandes economias emergentes, que estão entre as maiores do mundo, mas ainda enfrentam desafios comuns, como tirar grandes parcelas de suas populações da pobreza. Os países começaram a realizar cúpulas em 2006 e adotaram o termo Brics. Hoje, o bloco reúne nações onde vivem 3,2 milhões de pessoas.

Segunda maior economia do mundo, a China defende a ampliação do bloco. Pequim quer aumentar sua influência internacional, e um Brics fortalecido poderia ajudar nesse processo. Assim, o grupo teria mais poder para se contrapor ao G7, que reúne Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Itália, Japão e Reino Unido.

Com Agência Estado.

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