Armas nucleares: os EUA afirmam que o atual acordo nuclear só atrasa o desenvolvimento de uma bomba nuclear do Irã (Iranian Presidency / Handout/Anadolu Agency/Getty Images)
EFE
Publicado em 16 de abril de 2019 às 10h47.
Teerã — Apesar dos temores sobre o programa atômico e das pressões dos Estados Unidos para detê-lo, o Irã continua promovendo o desenvolvimento desta indústria, um movimento pacífico, segundo o governo do país, e, por enquanto, cumpre as limitações impostas pelo acordo nuclear assinado em 2015.
As autoridades iranianas apresentaram nesta semana mais de cem conquistas no campo da tecnologia nuclear obtidas durante o último ano, que foi complicado devido à saída unilateral dos EUA do citado acordo e à volta das sanções contra o Irã por parte da Casa Branca.
Se em 2018, pela ocasião do Dia Nacional da Tecnologia Nuclear, foram anunciados 83 conquistas, este ano a Agência de Energia Atômica do Irã (AEAI) se superou e informou 114. Além disso, o órgão disse que começou a instalar centrífugas avançadas do tipo IR-6.
"A política de assédio dos EUA não pode dificultar o nosso progresso no campo da tecnologia nuclear", ressaltou em cerimônia o chefe da AEAI, Ali Akbar Salehi.
Os principais avanços iranianos foram um sistema de controle para monitorar processos atômicas, dois medicamentos nucleares, entre eles o material Yttrium-90, utilizado para o tratamento do câncer, um acelerador médico linear, e avanços na área da física quântica e da produção de oxigênio-18.
Quanto ao oxigênio-18, o principal assessor de Salehi, Ali Asghar Zarean, explicou à Agência Efe que o trabalho de pesquisa levou quatro anos para conseguir o produto final e poder oferecê-lo às empresas interessadas.
"A capacidade de produção é de 100 quilos ao ano. Nós nesta primeira fase estamos produzindo 50, mas o nosso consumo anual é de alguns quilos a menos, por isso nos dedicamos à sua exportação", explicou.
O Irã também está disposto a exportar centrífugas. Segundo Zarean, a AEAI consegue projetar e fabricar localmente "qualquer tipo de centrífuga", que são usadas em diferentes indústrias, inclusive pelo setor médico, e cujo desenvolvimento interno foi necessário devido ao fato de as companhias estrangeiras fazerem esse tipo de comércio com o Irã.
De fato, esta semana foi instalada uma rede de 20 centrífugas avançadas IR-6 na usina nuclear de Natanz, cada uma das quais, de acordo o analista, equivale em potência a oito do projeto IR-1.
Sobre este avanço, o presidente do Irã, Hassan Rohani, lançou uma advertência aos EUA: "Se tinham medo no passado de nossas centrífugas IR-1, devem saber que hoje lançamos uma rede de 20 IR-6 e que, se mantiverem a pressão, revelaremos rede de centrífugas IR-8 em um futuro próximo".
O uso da IR-8 por parte do Irã é proibido pelo acordo nuclear de 2015, que limita o programa atômico iraniano em troca da retirada das sanções internacionais contra o país persa.
Esse pacto foi assinado entre o Irã e o chamado Grupo 5+1 (EUA, Rússia, China, França, Reino Unido e Alemanha), mas a saída de Washington do mesmo e o retorno das sanções fez o acordo balançar.
Os EUA denunciam que o acordo só atrasa que o Irã consiga desenvolver uma bomba nuclear, apesar de a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) tenha certificado em 14 ocasiões que o país está cumprindo com os compromissos firmados em 2015.
O pacto desmantelou, modelou algumas instalações atômicas do Irã e restringe de forma temporária - entre 10 e 25 anos - as pesquisas do país com material e tecnologia nuclear, como o enriquecimento de urânio, limitado a menos de 4% de purificação.
Salehi ressaltou esta semana que todos os novos avanços estão em conformidade com as diretrizes do AIEA e que os temores sobre o programa nuclear iraniano são "infundados".
Na mesma linha, assessor de Salehi disse à Efe que todas as atividades nucleares do Irã são "pacíficas" e que não foi desenvolvido "nada fora dos limites das normas internacionais".
No entanto, Zarean, como já fez no passado Salehi, indicou que se as autoridades iranianas considerarem que os demais signatários do pacto de 2015 não cumprem com seus compromissos, o programa atômico será retomado.
"Saibam que voltaremos de modo determinado e melhor do que antes", advertiu.