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AFP
Publicado em 9 de janeiro de 2023 às 11h54.
Última atualização em 9 de janeiro de 2023 às 12h01.
A Justiça iraniana condenou mais três pessoas à morte por envolvimento nos protestos pela morte da jovem Mahsa Amini anunciou a agência de notícias do Poder Judiciário, a Mizan Online, nesta segunda-feira, 9.
Amini, uma curdo-iraniana de 22 anos, morreu em 16 de setembro de 2022, três dias depois de ter sido detida pela polícia da moral. Ela foi acusada de infringir o código de vestimenta feminina em vigor na República Islâmica.
Segundo a Mizan Online, Saleh Mirhashemi, Majid Kazemi e Saeed Yaghoubi foram acusados de estarem envolvidos na morte de três membros das forças de segurança durante as manifestações. Eles foram considerados culpados de moharabeh ("guerra contra Deus"), disse a Mizan Online.
No mesmo processo, outras duas pessoas foram condenadas a penas de prisão pela morte de três membros das forças de segurança na província de Isfahan (centro), em 16 de novembro de 2022, acrescentou a mesma fonte.
Entre eles, está o jogador de futebol Amir Nasr-Azadani, de 26 anos, que joga no time local.
Todas as sentenças anunciadas esta segunda-feira podem ser objeto de recurso perante o Supremo Tribunal, acrescentou a Mizan Online.
O guia supremo do Irã, aiatolá Ali Khamenei, disse nesta segunda que há, "sem dúvida, problemas econômicos" no país. "Mas esses problemas podem ser resolvidos queimando lixeiras, ou tumultos na rua?", questionou.
"Sem dúvida, essas ações são traição, e as instituições responsáveis tratam a traição com seriedade e de forma justa", declarou, citado em seu site.
Para as autoridades, os protestos são "distúrbios" estimulados por países e organizações hostis ao Irã.
Com isso, chega a 17 o número de condenados à pena capital em relação às multitudinárias manifestações no país, conforme contagem feita pela AFP com base em comunicados oficiais.
Quatro foram executados, e dois tiveram suas sentenças confirmadas pela Suprema Corte. Os demais aguardam julgamento, ou ainda podem recorrer.
Anunciadas no sábado, as últimas duas execuções provocaram indignação internacional. Nesta segunda, o papa Francisco pediu o fim da pena capital em todo o mundo, inclusive no Irã.
“A pena de morte não pode ser empregada como uma suposta justiça do Estado, já que não constitui um meio de dissuasão, nem traz justiça às vítimas. Apenas alimenta a sede de vingança”, afirmou o pontífice argentino.
Já o Ministério francês das Relações Exteriores considerou que estas condenações à morte e as execuções, "que se somam a muitas outras violações graves e inaceitáveis dos direitos e das liberdades fundamentais cometidas pelas autoridades iranianas", não podem ser uma resposta às "aspirações legítimas de liberdade do povo iraniano".
Nesta segunda, a Alemanha convocou, por sua vez, o embaixador iraniano em Berlim em protesto pela repressão e pelas execuções, informou a ministra das Relações Exteriores, Annalena Baerbock.
Ela afirmou que o emissário iraniano foi convocado ao ministério para "deixar inequivocamente claro que a repressão brutal, a opressão e o medo contra sua própria população, assim como as duas últimas execuções, não vão ficar sem consequências".
A ministra alemã ressaltou que é "fundamental" que a União Europeia permaneça unida e não "feche os olhos" às violações dos direitos humanos em outros países.
Segundo a Anistia Internacional, o Irã é o país que faz mais execuções, depois da China.
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