Mundo

Irã afirma que diálogo nuclear com a Europa é “extremamente complexo”

A porta-voz do governo disse que o Irã nunca se opôs ao diálogo com a Europa, mas ressaltou que os contatos atuais não constituem negociações formais para selar um acordo

O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, fotografado em maio deste ano ( Presidência Iraniana/AFP)

O presidente do Irã, Masoud Pezeshkian, fotografado em maio deste ano ( Presidência Iraniana/AFP)

EFE
EFE

Agência de Notícias

Publicado em 2 de agosto de 2025 às 11h12.

O Irã afirmou, neste sábado, 2, que o diálogo com os países europeus sobre seu programa nuclear enfrenta "condições complexas", após ameaças da Europa de ativar o mecanismo que restabelece as sanções internacionais contra Teerã.

"O que está acontecendo agora entre Irã e os três países europeus (Alemanha, França e Reino Unido) é um diálogo e uma troca de opiniões sobre a questão nuclear, que se tornou extremamente complexa", declarou a porta-voz do governo iraniano, Fatemeh Mohajerani, à agência de notícias estatal russa "Sputnik", em Teerã.

A porta-voz do governo disse que o Irã nunca se opôs ao diálogo com a Europa, mas ressaltou que os contatos atuais não constituem negociações formais para selar um acordo.

"Não há negociações para chegar a um acordo com a Europa neste momento", reiterou.

Irã e os três países europeus, conhecidos como grupo E3, realizaram em Istambul, ontem, as primeiras conversas nucleares formais desde os ataques de Israel e Estados Unidos ao território iraniano em junho, que incluíram bombardeios contra instalações nucleares do país persa.

Os diálogos se concentraram na possível ativação do mecanismo 'snapback', que permite aos países signatários do acordo nuclear de 2015 restaurar automaticamente as sanções aprovadas pela ONU contra o Irã antes da assinatura do pacto.

França, Alemanha e Reino Unido, que acusam o Irã de não cumprir seus compromissos nucleares, ameaçaram o país persa de adotar a medida se um acordo não for alcançado até setembro.

No entanto, o Irã afirma que as potências europeias "não têm base legal e lógica" para invocar o 'snapback', por terem deixado de cumprir sua parte do acordo após a saída dos EUA do pacto nuclear em 2018.

Teerã também insiste em seu direito de enriquecer urânio para fins pacíficos e o considera um direito como signatário do Tratado de Não Proliferação Nuclear (TNP), do qual ameaçou se retirar se as sanções internacionais forem restabelecidas contra o país.

No entanto, o ministro das Relações Exteriores britânico, David Lammy, rejeitou neste sábado a posição do Irã sobre a ideia de enriquecer urânio apenas para "fins acadêmicos" e afirmou que a ameaça nuclear "é real".

Em entrevista ao jornal britânico "The Guardian", Lammy disse que Teerã não conseguiu "explicar nas conversas com o E3 por que precisa de urânio enriquecido a 60%".

"Os iranianos afirmam que é para uso acadêmico, mas eu não aceito isso", afirmou.

De acordo com o último relatório da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA), publicado no final de maio, o Irã acumulou mais de 400 quilos de urânio altamente enriquecido a 60%, perto do nível necessário para fabricar bombas atômicas (90%).

Acompanhe tudo sobre:Irã - PaísGuerras

Mais de Mundo

Homem acusado de envenenar crianças com doces com sedativos no Reino Unido

Tesla é condenada a pagar R$ 1,8 bilhão por acidente com carro com piloto automático

Israel afirma que sem a libertação dos reféns em Gaza, a guerra 'prosseguirá'

Enviado americano se reúne em Tel Aviv com as familias dos reféns israelenses