Redatora
Publicado em 25 de junho de 2025 às 09h19.
O governo do Irã admitiu pela primeira vez que suas instalações nucleares sofreram “danos graves” após os ataques aéreos dos Estados Unidos realizados no último fim de semana.
A declaração foi feita pelo porta-voz do Ministério das Relações Exteriores iraniano e divulgada nesta quarta-feira, 25, pela agência Associated Press. O representante, no entanto, não deu detalhes sobre o nível de destruição causado pelos bombardeios, que miraram três dos principais complexos nucleares do país.
A fala marca a primeira confirmação oficial de Teerã sobre o impacto da ofensiva americana. O presidente dos EUA, Donald Trump, havia anunciado no início da semana que os ataques foram “totalmente bem-sucedidos” e que o programa nuclear iraniano havia sido “completamente destruído”.
No entanto, uma avaliação inicial da Agência de Inteligência de Defesa dos EUA, revelada pela CNN, contradiz a narrativa da Casa Branca.
Segundo o relatório, os bombardeios causaram danos relevantes apenas às estruturas acima do solo, como sistemas de energia e prédios auxiliares nos complexos de Fordow, Natanz e Isfahan. Os principais componentes do programa nuclear iraniano, como as centrífugas e o estoque de urânio enriquecido, teriam permanecido “em grande parte intactos”.
Fontes ligadas à inteligência afirmam que parte do material sensível foi removida antes da ofensiva. O impacto dos ataques, segundo a avaliação, teria atrasado o programa por “alguns meses, no máximo”.
Apesar da divergência, o governo Trump mantém o discurso de vitória. A secretária de imprensa Karoline Leavitt classificou o relatório como “completamente errado” e criticou o vazamento do documento, que seria classificado como ultrassecreto.
Em declarações à imprensa durante a cúpula da Otan, na Holanda, Trump afirmou que os “pilotos atingiram exatamente os alvos” e que “as instalações estão debaixo de rochas”.
O Departamento de Defesa dos EUA reconheceu que o levantamento ainda é preliminar e que novas informações, inclusive de fontes dentro do Irã, continuam sendo coletadas.
Já o governo de Israel, que havia conduzido ataques próprios dias antes da ofensiva americana, avalia que a ação conjunta pode ter atrasado o programa nuclear do Irã em até dois anos, desde que Teerã não consiga retomar suas atividades.
Especialistas independentes alertam que o Irã ainda pode contar com instalações secretas e subterrâneas, que não foram atingidas.
Enquanto isso, o Congresso americano aguarda uma explicação mais clara do governo. Sessões que seriam realizadas com parlamentares foram canceladas sem justificativa, alimentando críticas de que a administração Trump tenta evitar o escrutínio sobre os reais efeitos da ofensiva.