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Irã acelera produção de urânio enriquecido, mesmo violando acordo nuclear

O Irã aumentou sua produção de urânio enriquecido para 5 kg por dia

Irã: o aumento anunciado nesta segunda representa mais de dez vezes o nível de produção do início de setembro (Nazanin Tabatabaee/WANA/Reuters)

Irã: o aumento anunciado nesta segunda representa mais de dez vezes o nível de produção do início de setembro (Nazanin Tabatabaee/WANA/Reuters)

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AFP

Publicado em 4 de novembro de 2019 às 12h46.

Última atualização em 4 de novembro de 2019 às 13h15.

O Irã informou nesta segunda-feira que acelerou significativamente seu ritmo de produção, de 5 kg de urânio enriquecido por dia, na véspera do anúncio de uma nova redução de seus compromissos assumidos em 2015 através acordo nuclear de Viena.

A República Islâmica está agora produzindo cinco quilos de urânio de baixo enriquecimento por dia, disse à televisão estatal Ali Akbar Saléhi, vice-presidente da República Islâmica e chefe da Agência Iraniana de Energia Atômica (AIEA).

Este número representa mais de dez vezes o nível de produção no início de setembro.

Saléhi fez esse comunicado durante uma visita de jornalistas iranianos à instalação nuclear de Natanz (centro).

Pelo acordo alcançado em Viena em julho de 2015 com o Grupo 5 + 1 (China, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Rússia e Alemanha), Teerã concordou em reduzir drasticamente suas atividades nucleares - para garantir seu caráter exclusivamente civil em troca da suspensão de algumas sanções internacionais que sufocam sua economia.

Em resposta à retirada unilateral dos Estados Unidos deste pacto em maio de 2018 e ao restabelecimento de pesadas sanções americanas, a República Islâmica começou em maio a rever alguns de seus compromissos.

Com isso, passou a produzir urânio enriquecido a uma taxa superior ao limite de 3,67% previsto no contrato de 2015, e não respeitou mais o limite de 300 quilogramas imposto a seus estoques de urânio menos enriquecido.

Novas centrífugas

O Irã está agora enriquecendo urânio com 235% do isótopo 235, um nível que permanece muito abaixo do limite exigido para uso militar (90%).

No início de setembro, Teerã anunciou a terceira fase de seu plano para reduzir seus compromissos, declarando que não se sente mais vinculado a nenhum dos limites impostos pelo acordo em suas atividades de pesquisa e desenvolvimento nuclear.

Como resultado dessa decisão, o comissionamento de novas centrífugas está ajudando a acelerar a produção de urânio enriquecido no país.

De acordo com imagens da televisão estatal, o chefe da AIEA colocou em funcionamento em Natanz 30 novas centrífugas IR-6.

Saléhi também disse que o Irã conseguiu em dois meses desenvolver novos modelos avançados de centrífugas, chamados IR-9 e IR-S.

Um desses novos protótipos agora é testado com urânio gasoso, explicou Saléhi, acrescentando que o Irã não mais utiliza centrífugas de primeira geração (IR-1), o único modelo autorizado pelo Acordo de Viena.

Quarta fase

Este último anúncio sobre os avanços técnicos do programa nuclear iraniano ocorre quando o Irã comemora nesta segunda-feira o 40º aniversário da tomada de reféns na embaixada dos Estados Unidos em Teerã, um evento que fundou a República Islâmica e que continua envenenando as relações entre os dois países.

Esta segunda-feira também marca o fim do período de sessenta dias para que os sócios no Acordo de Viena o ajudassem Teerã a contornar as sanções dos Estados Unidos, principalmente para exportar seu petróleo.

Sem progresso por parte dos europeus, russos e chineses nesta questão, "o Irã entrará praticamente na quarta fase da redução de seus compromissos em matéria nuclear na terça-feira", segundo a agência semioficial Isna sem citar nenhuma fonte ou especificar como esse novo passo se dará.

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