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Irã aceita cooperar com AIEA, mas com ressalvas

Governo islâmico vai decidir se dá continuidade à cooperação se os relatórios da agência forem `compatíveis com a verdade´

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad: uma carta-protesto foi enviada à ONU criticando as sanções ao país (Getty Images)

O presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad: uma carta-protesto foi enviada à ONU criticando as sanções ao país (Getty Images)

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Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h42.

Brasília - No dia seguinte ao veto à entrada no país de dois inspetores da Agência Internacional de Energia Atômica (Aiea), o governo iraniano anunciou que mantém a disposição de cooperar com o órgão. O representante iraniano na Aiea, Ali-Asghar Soltaniyeh, disse hoje (22) que haverá colaboração desde que os relatórios sejam elaborados com informações reais e não falsas, como suspeitam ter ocorrido.

Paralelamente, foi enviada hoje carta-protesto ao Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) em reação às sanções ao Irã recém-aprovadas.

"Se os inspetores da Aiea não cumprirem suas responsabilidades e apresentarem relatórios falsos ou incompletos que provoquem prejuízos à cooperação do Irã com a agência, Teerã vai exigir que retirem os nomes desses especialistas da lista relacionada ao nosso país", afirmou Soltaniyeh. As informações são da agência oficial de notícias do Irã, a Irna.

Na carta-protesto enviada aos integrantes do Conselho de Segurança, o governo Mahmoud Ahmadinejad reitera que ainda está sobre a mesa de negociações o acordo nuclear, firmado em abril - com o apoio do Brasil e da Turquia. Com cinco itens, a correspondência começa com a expressão "em nome de Deus, o Clemente e Misericordiosíssimo".


"A República Islâmica do Irã enfatiza novamente a importância da Declaração de Teerã [nome oficial do acordo] como uma boa base para uma maior solidariedade das nações independentes na luta contra a demanda excessiva de grandes potências e para estabelecer relações mais fortes de paz, justiça e felicidade para a humanidade", diz a carta.

Pelo acordo, o Irã enviará 1,2 mil quilos de urânio enriquecido a 3,5% para a Turquia. No prazo de até um ano, receberá 120 quilos do material enriquecido a 20%. Mas, para parte da comunidade internacional, liderada pelos Estados Unidos, a iniciativa não afasta o risco de o Irã produzir armas atômicas por meio do programa nuclear que desenvolve.

Segundo o documento enviado aos membros do Conselho de Segurança, o Brasil e a Turquia foram "encorajados" a negociar o acordo com o Irã e, em seguida, houve a desaprovação e a adoção das medidas restritivas ao país persa. A carta se refere à aprovação das sanções ao Irã no último dia 9, por 12 países do conselho. Apenas os governos brasileiro e turco votaram contra. Os libaneses se abstiveram.

Em tom crítico, o Irã afirma que o Conselho de Segurança provou, por meio das sanções, não ser o fórum adequado para discutir a questão nuclear. Também reagiu às suspeitas de que o programa nuclear iraniano não tenha fins pacíficos.

"As acusações não foram provadas. Pelo contrário, o último relatório do diretor-geral da Aiea, publicado um dia antes da resolução, reiterou que nossas atividades não apresentam qualquer desvio dos objetivos pacíficos", informa a carta-protesto.


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