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Investigadores examinam corpos de vítimas de avião malásio

Equipe de holandeses examinou os corpos das vítimas do avião malásio a bordo de um trem em Torez, perto do local da tragédia

Flores em homenagem às vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines (Robin van Lonkhuisen/AFP)

Flores em homenagem às vítimas do voo MH17 da Malaysia Airlines (Robin van Lonkhuisen/AFP)

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Da Redação

Publicado em 21 de julho de 2014 às 13h29.

Torez - Um grupo de peritos holandeses começou a examinar nesta segunda-feira os corpos das vítimas do avião derrubado no leste da Ucrânia, confinados em um trem em uma região controlada pelos separatistas pró-russos.

O leste da Ucrânia vive há mais de três meses um conflito armado entre os separatistas pró-russos e as autoridades de Kiev, que acusam Moscou de apoiar os insurgentes.

O trem com os restos dos passageiros do voo MH17 Amsterdã-Kuala Lumpur, derrubado na última quinta-feira provavelmente por um míssil, encontra-se no momento em Torez, uma zona controlada pelos rebeldes, onde os especialistas holandeses chegaram.

A equipe especializada na identificação das vítimas examinou os corpos antes de se dirigir ao local da tragédia, a 15 km de distância, observou um jornalista da AFP.

Os investigadores, com os rostos cobertos por máscaras e acompanhados por representantes da Organização para a Segurança e a Cooperação na Europa (OSCE), abriram os cinco vagões que a princípio deveriam ser refrigerados, quando a temperatura exterior oscila em torno dos 30 graus. No entanto não pareciam frigoríficos, e de dentro deles exalava um forte odor de corpos em decomposição.

"O armazenamento dos corpos é de boa qualidade", declarou, no entanto, Peter Van Vilet, especialista médico legal holandês, responsável pela missão no leste, em uma breve declaração, cercado por 50 homens armados na estação de Torez.

"O trem precisa se mover hoje", acrescentou, "mas não sabemos em que direção ou a que horas". O veículo precisa sair de Torez e da zona separatista "para que possamos fazer as análises necessárias. Aqui não é tecnicamente possível".

A partir da Holanda, o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, declarou que o objetivo de seu país era fazer os vagões se dirigirem ao território controlado por Kiev, preferencialmente à grande cidade vizinha de Kharkiv.

"Os separatistas disseram que os observadores internacionais devem estar presentes quando o trem sair. Os especialistas holandeses são observadores internacionais, e podem desempenhar este papel", acrescentou Rutte.

Das 298 vítimas, 193 eram holandesas.

A Ucrânia defende que a Holanda coordene a investigação internacional sobre o voo MH17, provavelmente derrubado por um míssil, e está disposta a enviar a Amsterdã os corpos das vítimas para que sejam submetidos a necropsias, declarou em Kiev o primeiro-ministro ucraniano, Arseni Yatseniuk.

"Encontramos 272 corpos, 251 deles já estão em um trem frigorífico. (...) Estamos dispostos a enviar todos os corpos a Amsterdã" para que sejam submetidos a uma necropsia e a todas as perícias independentes necessárias, acrescentou Yatseniuk em uma coletiva de imprensa.

O primeiro-ministro da autoproclamada República Popular de Donetsk indicou, por sua vez, que "há 282 corpos nos vagões" e que os restos de "16 vítimas não foram encontrados".

Disparos em Donetsk

Pouco antes do meio-dia, começaram intensos bombardeios de artilharia na zona da estação de Donetsk, em um bairro periférico da grande cidade do leste, reduto dos separatistas pró-russos, observou um jornalista da AFP.

A administração municipal indicou que um supermercado próximo à estação ferroviária foi incendiado e que um edifício de nove andares também foi atingido pelos disparos. Eles deixaram três mortos e um ferido, acrescentou.

Kiev ordenou nesta segunda-feira um cessar-fogo em um raio de 40 km do local da tragédia, mas esta decisão não envolve Donetsk, que se encontra a 60 km de distância.

No âmbito diplomático, o presidente russo, Vladimir Putin, alvo de múltiplas críticas e advertências de líderes mundiais por seu suposto apoio aos separatistas, garantiu que a Rússia fará todo o possível para alcançar uma solução negociada ao conflito na Ucrânia e pediu que seja garantido um acesso seguro aos especialistas internacionais no local da catástrofe.

Segundo vários indícios reunidos pelas autoridades ucranianas, alguns dos quais validados por especialistas americanos, o míssil foi lançado pelos rebeldes que acreditavam derrubar um avião militar ucraniano.

O Conselho de Segurança da ONU deverá adotar na tarde desta segunda-feira uma resolução que exija dos separatistas pró-russos um acesso livre e seguro ao local da tragédia, segundo diplomatas.

*Atualizada às 13h29 do dia 21/07/2014

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