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Investigadores da ONU acusam Damasco de extermínio de presos

"Prisioneiros foram espancados até a morte ou morreram em consequência de seus ferimentos ou atos de tortura", afirmam os especialistas


	Presidente da Síria, Bashar al-Assad: "Prisioneiros foram espancados até a morte ou morreram em consequência de seus ferimentos ou atos de tortura"
 (SANA/Handout via Reuters)

Presidente da Síria, Bashar al-Assad: "Prisioneiros foram espancados até a morte ou morreram em consequência de seus ferimentos ou atos de tortura" (SANA/Handout via Reuters)

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Da Redação

Publicado em 8 de fevereiro de 2016 às 11h34.

Os investigadores da ONU sobre a Síria acusaram nesta segunda-feira o governo de Damasco de extermínio dos presos, afirmando que a morte em massa de prisioneiros é o resultado de uma política de Estado.

"Prisioneiros foram espancados até a morte ou morreram em consequência de seus ferimentos ou atos de tortura", afirmam os especialistas do Conselho de Direitos Humanos da ONU em seu relatório, no qual assinalam que "a política de extermínio de prisioneiros é um crime contra a humanidade".

"É evidente que as autoridades governamentais que controlam e administram os prisioneiros e centros de detenção estão a par de que pessoas morriam em massa", afirma o texto.

Milhares de pessoas, incluindo mulheres e crianças, estão detidas em prisões governamentais, acrescentam.

"Estas mortes em massa de detentos são a consequência das terríveis condições de vida nesses centros e o resultado de uma política de Estado cujo objetivo é atacar a população civil", afirmam os investigadores.

Os quatro membros da comissão de investigação da ONU não obtiveram autorização de Damasco para entrar na Síria, mas recolhereram milhares de testemunhos de vítimas, documentos e fotos via satélite.

Em seu informe, que analisa as condições de detenção na Síria desde o início do conflito em 2011, entrevistaram 621 pessoas, das quais 200 foram testemunhas da morte de um ou vários de seus companheiros.

"As mortes de detentos continuam acontecendo sob um segredo quase absoluto e os testemunhos dos sobreviventes esboçam um quadro aterrador do que está acontecendo", lamenta o documento.

Mas as autoridades não são as únicas que cometem esse tipo de atrocidade. Os grupos armados e organizações terroristas, que tomaram o controle de grandes partes do território sírio, também submeteram seus inimigos a condições de detenção brutais, explicam os especialistas.

De acordo com o estudo, o braço sírio da Al-Qaeda, Jabhat al Nusra, criou centros de detenção em Idleb (noroeste da Síria), onde foram registradas mortes.

Da mesma forma, o grupo extremista realizou execuções em massa de soldados do governo que tomaram como prisioneiros.

Além disso, os especialistas acusam o grupo jihadista Estado Islâmico (EI) de crimes contra a humanidade, tortura de prisioneiros e execuções sumárias.

O conflito na Síria, que teve início com uma brutal repressão de manifestações pacíficas antes de degenerar em um conflito armado, deixo mais de 260.000 mortos e milhões de deslocados.

Texto atualizado às 12h34.

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