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Investigação sobre relógios Rolex: Governo critica buscas na casa da presidente do Peru

Agentes apuram suposto enriquecimento ilícito de Dina Boluarte

Dina Boluarte: presidente do Peru é alvo de investigação (Lucas Aguayo/Getty Images)

Dina Boluarte: presidente do Peru é alvo de investigação (Lucas Aguayo/Getty Images)

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 30 de março de 2024 às 09h52.

O governo do Peru classificou como um "ultraje intolerável" as buscas das forças de segurança do país na casa da presidente Dina Boluarte, na madrugada deste sábado. Ela é investigada por suposto enriquecimento ilícito, depois de ter utilizado relógios Rolex que não foram declarados como parte de seu patrimônio.

Segundo um documento da polícia, quase 40 agentes e promotores participaram na operação "com o objetivo de revistar a residência e apreender os relógios Rolex", cuja procedência e aquisição Boluarte não foram explicadas por Boluarte.

Desde 18 de março, a presidente peruana é investigada por suposto crime de enriquecimento ilícito e por omitir declarações em documentos públicos.

O caso começou com uma denúncia jornalística sobre uma suposta coleção de relógios de luxo que a presidente não incluiu em sua declaração de bens.

A ação conjunta do Ministério Público e da polícia foi transmitida pela emissora de televisão local Latina. Nas imagens, agentes cercam a casa localizada no bairro de Surquillo, no Leste de Lima, e fazem uma barreira humana para impedir o trânsito de veículos nos arredores. A operação na casa "é para fins de busca e apreensão", disse a polícia.

A intervenção foi autorizada pelo Supremo Tribunal de Investigações Preparatórias, presidido pelo juiz Juan Carlos Checkley, após pedido da Procuradoria-Geral.

A operação foi realizada depois que o Ministério Público não aceitou que a presidente pedisse o reagendamento de uma diligência marcada para o início da semana em que ela mostraria os relógios e seus recibos de compra.

Se for acusada neste caso, a presidente não poderá ser julgada até julho de 2026, quando termina o seu mandato, conforme estabelece a Constituição do país. Enquanto isso, ela pode ser investigada.

O escândalo, porém, pode levar a um pedido de vacância (demissão) de Boluarte no Congresso, sob alegação de "incapacidade moral". Para que isso aconteça, os grupos de direita que controlam o Parlamento unicameral e são a base política da mandatária devem apoiar grupos minoritários de esquerda, numa aliança difícil de alcançar.

Presidente não estava em casa

Os promotores que entraram na casa de Dina Boluarte não prestaram declarações às dezenas de jornalistas estacionados do lado de fora e que reportavam ao vivo da rua o andamento da operação.

Segundo a imprensa local, a presidente não estava em casa. Não se sabe se ela estava no seu gabinete no Palácio do Governo. A Presidência peruana ainda não se manifestou sobre as buscas.

O escândalo eclodiu devido a uma reportagem do programa jornalístico "La Encerrona", exibida em meados de março. A atração revelou que Boluarte utilizou vários relógios da marca de luxo Rolex em atividades oficiais desde que se tornou vice-presidente do governo do ex-presidente Pedro Castillo e ministra do Desenvolvimento e Inclusão Social em 2021.

O período analisado pelo programa vai até dezembro de 2022, mês em que ela assumiu a Presidência.

Após a reportagem, Boluarte destacou que se trata de um relógio "de antigamente" e que é produto do seu "esforço", já que trabalha desde os 18 anos.

"Entrei no Palácio do Governo com as mãos limpas e sairei com as mãos limpas, como prometi ao povo peruano", declarou Boluarte, de 61 anos, na semana passada.

Em decorrência do escândalo, a Controladoria da República anunciou que iria rever mais uma vez as declarações patrimoniais que Boluarte apresentou nos últimos dois anos em busca de eventual desequilíbrio patrimonial.

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