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Invasão da moda islâmica causa preocupações na França

A empresa foi a primeira no ocidente que decidiu investir, neste ano, no lucrativo mercado muçulmano - estimado em 260 bilhões de dólares anuais


	Dolce & Gabanna: a empresa foi a primeira no ocidente que decidiu investir, neste ano, no lucrativo mercado muçulmano - estimado em 260 bilhões de dólares anuais
 (Divulgação / Dolce & Gabbana)

Dolce & Gabanna: a empresa foi a primeira no ocidente que decidiu investir, neste ano, no lucrativo mercado muçulmano - estimado em 260 bilhões de dólares anuais (Divulgação / Dolce & Gabbana)

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Da Redação

Publicado em 4 de abril de 2016 às 13h37.

A divulgação de códigos islâmicos em marcas de roupas femininas desperta reservas na capital da moda, onde começam a se elevar vozes contra uma tendência diferente da visão ocidental da mulher.

Tradicionalmente inspirada na sensualidade da mulher italiana, Dolce & Gabbana foi a primeira grande marca ocidental que decidiu investir, neste ano, no lucrativo mercado muçulmano - estimado em 260 bilhões de dólares anuais - com uma coleção com muitos véus e túnicas até os tornozelos.

A gigante sueca H&M, de moda popular, seguiu seus passos recorrendo a mulheres muçulmanas com véus para sua campanha publicitária de "modest fashion" (moda modesta), nome usado para essa tendência compatível com o rigor islâmico.

Na mesma categoria de roupa acessível a todos os bolsos, a marca japonesa Uniqlo anunciou este mês que começará a vender em breve modelos com véu em suas lojas de Londres. A tradicional britânica Marks & Spencer já lançou em seu site de venda on-line o "burkini", que este verão vai cobrir quase que totalmente o corpo feminino nas prias: só ficam de fora o rosto, as mãos e os pés.

No ano passado, por exemplo, Zara, Mango, Oscar de la Renta e Tommy Hilfiger usaram modelos recatados para o mês do Ramadã.

Enquanto a indústria do setor antecipa que a "iFashion" (moda islâmica) alcançará 500 bilhões de dólares em 2019, em Paris, começam a surgir vozes contra essa tendência.

Incompatível com o Ocidente

A ministra francesa do Direito da Mulher, Laurence Rossignol, classificou de "irresponsáveis" as marcas que seguem esse caminho.

"Não podemos admitir como banal, ou insignificante, que essas grandes marcas invistam nesse mercado", disse a socialista ao canal RMC.

Segundo Rossignol, ao fazer isso "retrocedem em sua responsabilidade social e, de alguma forma, promovem o fechamento do corpo da mulher".

Além disso, acrescentou, o fenômeno "é acompanhado, em muitos bairros, de comportamentos na via pública. Por exemplo, vê-se cada vez menos mulheres na rua, nos cafés. Vê-se cada vez menos mulheres vivendo livremente".

Na capital da moda também começam a aparecer opiniões de alarme procedentes da própria indústria.

"Renunciem ao dinheiro, tenham convicções!", disse o empresário Pierre Bergé, ex-companheiro do lendário Yves Saint-Laurent, que morreu em 2008, em um chamado "escandalizado" para a indústria da moda.

"Os criadores de moda não têm nada a fazer no terreno da moda islâmica", defendeu o presidente da Fundação Bergé/Saint-Laurent.

"Sempre pensei em que um estilista existe para fazer as mulheres mais belas, para lhes dar liberdade, não para ser cúmplice dessa ditadura que impõe essa coisa abominável que consiste em ocultar as mulheres, que as obriga a viver escondidas".

Segundo Bergé, "as mulheres têm direito a usar véu, mas não sei por que nos voltamos para essa religião, seus hábitos e costumes totalmente incompatíveis com nossos valores ocidentais de liberdade".

"Nossas coleções permitem a cada um vestir sua personalidade, sem alimentar uma opção de estilo de vida particular", declarou a marca H&M.

Citada pelo jornal Le Parisien, a estilista Agnès B. alegou que "não devemos banalizar uma peça que, pense o que pensar, não é neutra para a imagem da mulher".

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