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Inundações na Líbia deixam mais de 2.300 mortos

Os socorristas pareciam sobrecarregados com o alcance da tragédia, segundo imagens gravadas por moradores da região publicadas nas redes sociais

Imagens da cidade de Derna, de 100.000 habitantes, mostram vários edifícios destruídos às margens de um rio e pequenas casas submersas após o rompimento de duas represas (AFP/AFP Photo)

Imagens da cidade de Derna, de 100.000 habitantes, mostram vários edifícios destruídos às margens de um rio e pequenas casas submersas após o rompimento de duas represas (AFP/AFP Photo)

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Agência de notícias

Publicado em 12 de setembro de 2023 às 12h34.

As inundações que devastaram a cidade de Derna, no leste da Líbia, deixaram mais de 2.300 mortos, afirmou à AFP, nesta terça-feira, 12, o porta-voz dos serviços de emergência do governo de Trípoli, reconhecido internacionalmente.

Imagens da cidade de Derna, de 100.000 habitantes, mostram vários edifícios destruídos às margens de um rio e pequenas casas submersas após o rompimento de duas represas.

Usama Ali, porta-voz destes serviços, que têm uma equipe em Derna, indicou que as inundações provocadas pela tempestade Daniel deixaram "mais de 2.300 mortos" e cerca de 7.000 feridos, e mais de 5.000 pessoas estão desaparecidas.

Segundo autoridades do leste da Líbia, um país onde dois governos disputam o poder, as duas principais represas do rio Wadi Derna se romperam na noite de domingo e formaram rios de lamao que destruíram pontes e edifícios em sua passagem até o Mediterrâneo.

Entre os mortos estão três voluntários do Crescente Vermelho que ajudavam os afetados pela catástrofe, informou nesta terça-feira a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho (FICV).

Paisagem apocalíptica

Os socorristas pareciam sobrecarregados com o alcance da tragédia, segundo imagens gravadas por moradores da região publicadas nas redes sociais.

"As necessidades humanitárias excedem em muito as capacidades do Crescente Vermelho Líbio e até mesmo as capacidades do governo", alertou Tamer Ramadan, da FICV, em Genebra.

Estradas bloqueadas, deslizamentos de terra e inundações impediram que os serviços de emergência chegassem à população das zonas afetadas, que teve de recorrer a meios rudimentares para recuperar os corpos e retirar os sobreviventes da lama.

Derna e outras cidades estão isoladas do resto do país, apesar dos esforços das autoridades para restaurar as redes de telefonia móvel e de Internet.

Desde o violento terramoto que abalou a cidade de Al Marj (leste) em 1963, esta é a pior catástrofe natural que atingiu esta região do país.

Entre as imagens que circulam, algumas mostram dezenas de corpos cobertos na praça principal de Derna, à espera de serem identificados e enterrados em Martouba, uma pequena localidade a cerca de 30 quilômetros a sudeste.

Mobilização humanitária

Comboios de ajuda foram enviados do leste do país para Derna. O governo de Trípoli, dirigido por Abdelhamid Dbeibah, anunciou o enviou de dois aviões-ambulância e um helicóptero, com 87 médicos, uma equipe de socorristas e de investigação, além de técnicos para restabelecer a corrente elétrica.

O leste da Líbia abriga os principais campos e terminais de petróleo. A Companhia Nacional de Petróleo (NOC, na sigla em inglês) declarou "estado de alerta máximo" e "suspendeu os voos" entre os centros de produção, onde a atividade foi drasticamente reduzida.

Equipes de emergência enviadas pela Turquia também chegaram à região, segundo as autoridades.

O embaixador dos Estados Unidos na Líbia, Richard Norland, anunciou que a embaixada emitiu uma "declaração de necessidades humanitárias (que) autorizará o financiamento inicial" para o seu país abastecer as equipes de emergência, segundo uma mensagem no X (antigo Twitter).

A União Europeia (UE) também mostrou disposição para enviar ajuda, como afirmou também na rede social X o chefe da diplomacia do bloco, Josep Borrel.

Descrita pelos especialistas como um fenômeno "extremo em termos de volume de água", a tempestade Daniel afetou Grécia, Turquia e Bulgária nos últimos dias, com um balanço de 27 mortos.

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