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Intervenção no câmbio é excepcional, diz BC do Chile

Medidia deve diminuir valor do peso para facilitar exportações, defendeu o presidente do órgão

Reunião do Banco Central de Chile: medidas foram anunciadas na segunda à noite (Banco Central de Chile)

Reunião do Banco Central de Chile: medidas foram anunciadas na segunda à noite (Banco Central de Chile)

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Da Redação

Publicado em 4 de janeiro de 2011 às 13h23.

O programa de intervenção no câmbio de US$ 12 bilhões, anunciado pelo Banco Central do Chile ontem depois do fechamento dos mercados, é uma medida excepcional e, por isso, tem credibilidade, disse o presidente do BC, José De Gregorio. Isso explica porque o peso caiu tão acentuadamente hoje, segundo ele. A intervenção é a maior desde que a livre flutuação do peso foi adotada no fim dos anos 1990, acrescentou De Gregorio.

O peso tem sido negociado na máxima em 32 meses em relação ao dólar nos últimos meses e os exportadores vinham pedindo uma intervenção, alegando que a moeda valorizada reduz a competitividade de seus produtos no exterior. Ontem, o BC do Chile anunciou que vai elevar suas reservas estrangeiras em US$ 12 bilhões este ano. Hoje, o peso abriu em baixa de 4,2% e, em meados do pregão, recuava cerca de 5%, para 488,50 por dólar.

O programa de compra de dólares vai levar a "posição de liquidez internacional do Banco Central a 17% do Produto Interno Bruto (PIB)", informou o BC chileno. Atualmente, as reservas em moeda estrangeira da instituição somam US$ 27,4 bilhões. A primeira fase do programa vai começar amanhã, 5 de janeiro, e terminar em 9 de fevereiro deste ano e vai consistir em compras diárias de US$ 50 milhões.

O ministro das Finanças, Felipe Larrain, afirmou que a intervenção não vai pressionar a inflação para cima, uma vez que a maior parte dos preços locais não são ajustados à valorização que o peso vinha exibindo em relação ao dólar. Ele disse que será uma das maiores intervenções locais e que ações "massivas" como esta tendem a ser bem-sucedidas.

"Vemos que, para que uma intervenção tenha um efeito real sobre a moeda, é preciso que seja massiva e esta é uma das maiores da história chilena", disse Larrain. Ele acrescentou que o governo "apoia a medida", destacando que o ministério e o Banco Central autônomo coordenam de perto suas ações. Como ministro das Finanças, Larrain participa das reuniões de política monetária do BC, mas não vota nas decisões da instituição.

A economia chilena é altamente dependente de suas exportações de produtos como cobre, celulose e frutas. "Enquanto os exportadores de cobre estão protegidos pelos preços mais altos do produto, o setor agrícola precisa de apoio", disse Larrain. Ele acrescentou que o governo continuará a adotar medidas para manter o peso em níveis competitivos em relação a outras moedas. As medidas incluem limitações ao gasto fiscal, aprimoramento da legislação financeira e modernização de certas áreas do governo. "Temos de gerar instrumentos de longo prazo para sustentar a competitividade do peso", afirmou.

Recentemente, o ministério anunciou que emitirá a maior parte da dívida de 2011 no mercado local. O orçamento fiscal de 2011 fixou um limite de US$ 7,8 bilhões para a dívida soberana este ano e, na semana passada, o ministério anunciou que emitiria US$ 6 bilhões em dívida soberana domesticamente. A emissão de dívida local, denominada em pesos, reduz o fluxo de dólares e alivia a pressão para cima em relação ao peso causada pela alta de juro e pelo robusto crescimento econômico. "Deixamos uma margem de US$ 1,8 bilhão para outras emissões como fizemos em 2010", disse Larrain.

No ano passado, pela primeira vez em quase uma década, o Chile emitiu dívida soberana nos mercados internacionais. Do total de US$ 1,5 bilhão emitido no exterior, US$ 500 milhões foram colocados em papéis denominados em peso.

Ao detalhar hoje seu plano para esterilizar os US$ 12 bilhões em compra de dólares no ano que irão elevar as reservas estrangeiras do país, o Banco Central do Chile disse que serão usados US$ 2 bilhões em instrumentos de curto prazo e US$ 10 bilhões em bônus indexados à inflação e denominados em peso.

Em janeiro, a "compensação monetária" das compras de dólares será feita com depósitos de liquidez, programas e instrumentos de curto prazo. A partir de fevereiro, além destes instrumento, serão emitidos bônus em peso e indexados à inflação. As informações são da Dow Jones.

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