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Internet, instrumento fundamental da oposição a Putin

Transmissão ao vivo de manifestações pela internet gera grande audiência para o chamado "jornalismo cidadão" na Rússia e preocupa o premiê

Um dos organizadores de manifestações da oposição, o blogueiro Alexei Navalny, em foto de 31 de janeiro de 2012. (©AFP / Kirill Kudryavtsev)

Um dos organizadores de manifestações da oposição, o blogueiro Alexei Navalny, em foto de 31 de janeiro de 2012. (©AFP / Kirill Kudryavtsev)

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Da Redação

Publicado em 29 de fevereiro de 2012 às 19h38.

Moscou - A internet se transformou em um meio indispensável para os opositores ao regime do primeiro-ministro e candidato à Presidência da Rússia, Vladimir Putin, que a utilizam para organizar manifestações e difundir imagens online.

No último domingo, milhares de opositores formaram uma corrente humana ao longo da avenida que circula o centro de Moscou. Uma equipe de reportagem se encontrava no local, com câmeras montadas e computadores.

A transmissão ao vivo da manifestação não se deu na televisão ou no rádio, mas em sua página na internet, Ridus.ru, criada em setembro de 2011 por um famoso blogueiro, Ilia Varlamov.

"Buscamos fazer transmissões online de todos os acontecimentos: as marchas, as manifestações, as ações (...). Existe grande interesse", explicou um dos jornalistas, Timofei Vasiliev, de 23 anos.

Essa informação foi transmitida ao vivo em novembro de 2011, um mês antes da onda de contestações contra o regime de Putin, que já foi Chefe de Estado de 2000 a 2008. O site chegou a registrar um pico de 1,3 milhões de espectadores na transmissão de uma manifestação opositora.

Segundo Vasiliev, Ridus também é a primeira página especializada em "jornalismo cidadão" e publica o que os internautas o enviam depois de verificar suas informações.

"Antes, ninguém considerava as pessoas comuns, os leitores, como fontes de informação. (...) Criamos esse projeto no qual as pessoas constroem hoje, o conteúdo do site", explicou Vasiliev à AFP na oficina de redação, que conta com aproximadamente com 20 jornalistas.

Por outro lado, sem os ecos da internet, a heterogênea aliança de opositores que desde dezembro organiza manifestações contra Vladimir Putin, favorito nas eleições presidenciais de 4 de março, teria grandes dificuldades de mobilizar as multidões.


Por exemplo, a corrente do domingo quase não foi mencionada pelas emissoras de televisão, mas, nas redes sociais, o evento reunia quase 30 mil pessoas segundo a oposição (11 mil de acordo com a polícia).

Na web também se encontram as canções e os vídeos que criticam o governo. O último sucesso, com mais de cinco milhões de exibições, é uma montagem que mostra Putin atrás das grades em um tribunal.

Segundo um estudo da comScore, o país tem 51 milhões de internautas em um total de 143 milhões de habitantes.

Isso preocupa os partidários de Putin, que, depois de uma prolongada ausência da internet, procuram agora, com maior ou menor êxito, ocupar um pouco desse espaço.

O serviço de segurança federal FSB (sucessor da KGB, o serviço de inteligência soviético) também vigia esse crescimento da atividade dos dissidentes.

Um dos criadores do equivalente russo ao Facebook, o "Vkontakte", Pavel Durov, se opôs energicamente aos serviços de segurança, que em dezembro pediram que a rede bloqueasse os grupos que questionavam a vitória do partido de Putin nas eleições legislativas.

Em vez disso, o grupo da Internet Yandex entregou informações financeiras do FSB relativas às contribuições previstas através de um de seus serviços para Alexei Navalny, blogueiro anticorrupção e líder da oposição.

Inúmeras páginas de meios de comunicação e blogs saíram do ar vítimas de misteriosos ciberataques.

No entanto, apesar de a internet mobilizar muitas pessoas na capital, a maior parte da população russa (70%, de acordo com o instituto FOM) diz se informar principalmente pela televisão, que está sob controle do Estado.

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