Mundo

Instituto Boliviano critica entrada do país no Mercosul

Instituto de Comércio Exterior afirmou que espera que a entrada do país no bloco não seja "uma camisa de força"


	Dilma Rousseff com Evo Morales: Bolívia assinou protocolo de adesão ao bloco integrado por Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai
 (Ueslei Marcelino/Reuters)

Dilma Rousseff com Evo Morales: Bolívia assinou protocolo de adesão ao bloco integrado por Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai (Ueslei Marcelino/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 7 de dezembro de 2012 às 19h10.

La Paz - O Instituto Boliviano de Comércio Exterior (IBCE) afirmou nesta sexta-feira que espera que a entrada da Bolívia no Mercosul como membro pleno não seja "uma camisa de força" que deixe o país sem margem de manobra comercial com outras regiões.

A Bolívia assinou hoje o protocolo de adesão ao bloco integrado por Brasil, Argentina, Uruguai, Venezuela e Paraguai - este último suspenso -, um passo que "não acarretará novas possibilidades de comércio", afirmou à Agência Efe o gerente do IBCE, Gary Rodríguez.

"Que não seja uma camisa de força para a Bolívia, de modo que não possa negociar um acordo de associação com a União Europeia, um acordo comercial de longo alcance com os Estados Unidos ou um convênio comercial com qualquer país asiático", declarou o analista.

Também pediu que o ingresso no bloco não afete às vendas da Bolívia na Comunidade Andina (CAN), da qual agora é membro pleno, e que também não se imponha uma alta de tarifas para favorecer à produção do Mercosul "em demérito das taxas de Ásia, EUA e Europa".

Rodríguez se referiu ao "caráter protecionista de um bloco (Mercosul) do qual a Bolívia é vítima" e lembrou que o Governo boliviano garantiu na semana passada aos produtores que nenhum dos temores antes mencionados se materializaria.

Outra questão importante para o Instituto de Comércio Exterior é "a suspensão das barreiras para-tarifárias e não tarifárias que hoje limitam fortemente o acesso de produtos manufaturados da Bolívia, principalmente aos mercados de Brasil e Argentina".

Segundo o especialista, embora o livre acesso dos produtos bolivianos ao bloco esteja teoricamente garantido, mercadorias com valor agregado como têxteis, remédios e produtos de alta tecnologia "encontram sistematicamente obstáculos alfandegários, financeiros, burocráticos e legais que impossibilitam suas exportações".

Enquanto com os países da CAN, a Bolívia tem uma relação de complementaridade em relação às exportações, os do Mercosul são fortes concorrentes e contam com tecnologia de ponta à qual os bolivianos não têm acesso, ressaltou Rodríguez.

O presidente da Associação Nacional de Produtores de Oleaginosas, Demetrio Pérez, também manifestou à Efe as reservas de seu setor com a entrada no Mercosul, já que seu principal mercado sempre foi historicamente a CAN.

"Se ingressamos no Mercosul, obviamente o produto mais sensível seria a soja e seus derivados", considerou, reivindicando que o Governo leve em conta os setores quando negociar as preferências tarifárias.

Pérez argumentou que a Bolívia é o único país da CAN que produz soja, enquanto no Mercosul são vários os que contam com este cultivo, entre eles Brasil, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai, que aplicam tecnologias que neste país "fnão estão sequer aprovadas".

Acompanhe tudo sobre:ComércioAmérica LatinaComércio exteriorBolíviaMercosul

Mais de Mundo

EUA devem lançar nova fase de operações na Venezuela nos próximos dias, diz agência

Companhias aéreas cancelam voos para Venezuela após alerta dos EUA

Zelensky diz que crimes da Rússia não podem ser perdoados, antes de reuniões para acordo de paz

Alemanha confirma reunião de UE, EUA e Ucrânia para acordo de paz