Veículo das Nações Unidas: conflito na Síria obrigou 2,1 milhões de pessoas a buscar refúgio em países vizinhos (AFP)
Da Redação
Publicado em 2 de outubro de 2013 às 17h14.
Damasco - Os inspetores internacionais encarregados da destruição das armas químicas da Síria chegaram nesta quarta-feira ao segundo dia de sua missão, mas ainda não deixaram o hotel em que estão hospedados, enquanto o Conselho de Segurança exigiu de Damasco maior acesso humanitário ao país.
Os 15 países membros do Conselho de Segurança da ONU chegaram a um acordo nesta quarta-feira para exigir de Damasco um acesso humanitário mais amplo no território sírio, informaram fontes diplomáticas.
Uma declaração unânime deve ser adotada formalmente ainda nesta quarta-feira.
O texto exige das autoridades sírias "a adoção imediata das medidas" para retirar os obstáculos à entrega de ajuda, além da autorização para a entrada de comboios com ajuda da ONU que chegam às fronteiras sírias com países vizinhos.
A Rússia, aliada do regime do presidente Bashar al-Assad, havia manifestado dúvidas sobre o acesso pelas fronteiras, já que a ajuda chegaria diretamente a zonas controladas pela oposição, nas regiões leste e norte do país.
Enquanto isso, os 19 inspetores da Organização para a Proibição das Armas Químicas (OPAQ) estavam em um hotel de Damasco, acompanhados de 14 funcionário da ONU.
"Nos próximos dias, eles devem iniciar seus trabalhos para verificar as informações fornecidas pelas autoridades sírias", informou a ONU em um comunicado, acrescentando que essa etapa deve ser concluída até 1º de novembro.
Os especialistas devem iniciar o inventário do arsenal químico, aplicando uma histórica resolução da ONU sobre a destruição de armas químicas, em um missão ambiciosa e perigosa, já que é realizada em um país em guerra.
Segundo especialistas em desarmamento, a Síria possui mais de 1.000 toneladas de armas químicas, entre elas 300 toneladas de gás mostarda e sarin, distribuídas em 45 locais diferentes.
Os inspetores da OPAQ chegaram ao país um dia após a partida dos especialistas da ONU, que investigaram sete supostos casos de utilização de armas químicas denunciados pelo regime ou pela oposição. Eles entregarão seu relatório no fim de outubro.
No terreno, o regime mantém os bombardeios a redutos rebeldes no sul de Aleppo (norte).
O conflito na Síria obrigou 2,1 milhões de pessoas a buscar refúgio em países vizinhos. E esse número pode chegar a 3,5 milhões até o final do ano, segundo a ONU.
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, deseja arrecadar 3,8 bilhões de dólares para os refugiados e pediu ao Kuwait que organize uma segunda conferência de doadores.
Mais de 6,8 milhões de pessoas necessitam de ajuda humanitária em um país onde mais de 115.000 pessoas morreram desde o início do conflito, em março de 2011, segundo um novo balanço do Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).