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Insalubridade mata 12,6 milhões de pessoas por ano, diz OMS

A conclusão principal do relatório é que 23% da mortalidade mundial pode ser atribuída a causas ambientais


	Poluição: 8,2 milhões de pessoas morrem anualmente de causas relacionadas à poluição do ar, incluído o fumo passivo.
 (Kim Kyung-hoon / Reuters)

Poluição: 8,2 milhões de pessoas morrem anualmente de causas relacionadas à poluição do ar, incluído o fumo passivo. (Kim Kyung-hoon / Reuters)

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Da Redação

Publicado em 15 de março de 2016 às 11h42.

Genebra - A insalubridade do ambiente, como a poluição do ar, do solo e da água, e a exposição a substâncias químicas e aos raios ultravioleta, provocam anualmente 12,6 milhões de mortes, indicou um novo estudo publicado nesta terça-feira pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

O relatório, intitulado "Prevenir doenças através de ambientes saudáveis: um estudo mundial do peso das doenças ligadas a riscos ambientais", pretende enfatizar quantas centenas de milhares de mortes podem ser evitadas a cada ano.

A conclusão principal do relatório é que 23% da mortalidade mundial pode ser atribuída a causas ambientais: 12,6 milhões de mortes, e a maioria delas poderia ser evitada.

Desse número, 8,2 milhões de pessoas morrem anualmente de causas relacionadas à poluição do ar (interior e exterior), incluído o fumo passivo.

A falta de acesso à água potável e ao saneamento; a poluição com químicos e agentes biológicos depositados no solo; e a mudança climática provocam o resto de mortes ligadas à insalubridade do ambiente.

"Se os países não tomarem medidas para que as populações vivam e trabalhem em um ambiente saudável, milhões de pessoas continuarão a adoecer e morrer prematuramente", disse María Neira, diretora de Saúde e Meio Ambiente da OMS, em entrevista coletiva.

O relatório lembrou que crianças (especialmente menores de cinco anos) e adultos de 50 a 75 anos são os mais expostos aos riscos ambientais.

A OMS estima que "uma melhor gestão do meio ambiente" permitiria salvar a vida de 1,7 milhão de crianças com menos de anos anualmente e de 4,9 milhões de pessoas com idades entre 50 e 75 anos.

As doenças diarreicas e as infecções respiratórias afetam essencialmente os menores de cinco anos, e as doenças não transmissíveis os adultos maiores.

A OMS estima que 2,5 milhões de pessoas morrem anualmente de acidente vasculares cerebrais; outros 2,3 milhões por cardiopatias isquêmicas; e 1,7 milhão em decorrência de traumatismos não intencionais, como acidentes de trânsito.

Além disso, 1,7 milhão morrem de câncer; 1,4 milhão de doenças respiratórias crônicas; 846 mil de doenças diarreicas; 567 mil de infecções respiratórias; 270 mil de problemas neonatais e 259 mil de malária.

Por regiões, o sudeste asiático e o Pacífico ocidental são as zonas mais afetadas pelos riscos ambientais. Juntos acumulam 7,3 milhões de mortes, a maioria delas atribuíveis à poluição do ar interior e exterior.

A OMS estima que a região do sudeste asiático contabilize anualmente 3,8 milhões de mortes ligadas à insalubridade do meio ambiente; e a região do Pacífico ocidental 3,5 milhões.

A África registra anualmente 2,2 milhões de mortes; a Europa 1,4 milhão; a região do Mediterrâneo oriental 854 mil; e as Américas 847 mil.

Algumas das estratégias apontadas pela OMS para lutar contra a insalubridade do ambiente passa por reduzir o uso de combustível sólidos para cozinhar alimentos, na iluminação e na calefação de ambientes internos.

Além disso, o acesso à água potável e ao saneamento combateria de forma radical as doenças diarreicas.

Outra estratégia é reduzir a poluição ambiental com propostas de redução da poluição de veículos privados.

E estratégias mais concretas e efetivas, como modificações de infraestruturas viárias que reduzam acidentes de trânsito - contabilizados como mortes ambientais porque podem ser prevenidas - e a proibição de fumar em espaços públicos também foram incluídas no relatório.

"As adaptações podem conter consideravelmente o peso das doenças cardiovasculares e respiratórias, dos traumatismos e dos cânceres em nível mundial, o que ajudaria a diminuir imediatamente os gastos em saúde pública", lembrou Neira.

O especialista deu como exemplo a atual epidemia do vírus da zika e suas consequências -aumento exponencial de casos de microcefalia em recém-nascidos - para defender um esforço global para melhorar os sistemas de saneamento.

"O mosquito cresce nas águas paradas, uma das razões pela qual não há zika no sul da Europa, onde as temperaturas também são altas, é porque o saneamento é correto e os mosquitos não têm onde crescer", concluiu.

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