Mundo

Inércia seria mais eficaz contra óleo no mar

Cientistas dizem temer que a operação agressiva de limpeza seja mais nociva ao meio ambiente do que o vazamento propriamente dito

bp_oil_reuters-jpg.jpg (.)

bp_oil_reuters-jpg.jpg (.)

DR

Da Redação

Publicado em 10 de outubro de 2010 às 03h37.

Londres - Talvez tivesse sido melhor para o meio ambiente não ter feito nada com a enorme mancha de petróleo no Golfo do México, exceto deixá-la "à vontade" no mar, disseram cientistas britânicos.

Biólogos e ambientalistas marinhos disseram temer que a operação agressiva de limpeza, na qual o óleo recolhido é queimado e dispersantes químicos são jogados no mar, pode ser mais nociva ao meio ambiente do que o vazamento propriamente dito.

Casos anteriores sugerem que deixar que o óleo se disperse e evapore naturalmente é melhor a longo prazo, embora seja uma opção considerada politicamente inviável, disseram os cientistas.

"Um dos problemas deste vazamento é que passou de uma arena ambiental para a arena econômica e política, então se você perguntar quão ruim isso é, depende de qual perspectiva você está usando", disse Martin Preston, especialista em poluição marinha e em ciências da Terra e dos oceanos, da Universidade de Liverpool.

"Economicamente é claro que o impacto foi muito grande, mas ambientalmente ainda não se sabe. Uma das tensões entre meio ambiente e política é que os políticos não podem dar a impressão de que não fazem nada, mesmo que às vezes não fazer nada seja a melhor opção."

Os cientistas disseram a jornalistas em Londres que o vazamento, iniciado em 20 de abril com a explosão e naufrágio de uma plataforma petrolífera, não é por enquanto uma catástrofe ambiental.

O governo estima que o vazamento no poço submarino chegue a 9,5 milhões de litros por dia. Uma grande parte do petróleo ainda está solto no mar, mas uma parte começa a se dirigir para a costa sul dos Estados Unidos, onde os frágeis manguezais da Louisiana já foram as regiões mais afetadas.

O governo dos Estados Unidos e a empresa British Petroleum, dona do poço, estão sob pressão da opinião pública para acelerar o fim do vazamento. O óleo causa graves prejuízos aos setores turístico e de pesca, e a população ficou horrorizada com as imagens de aves e outros animais encharcados de óleo.

Christoph Gertler, da Universidade Bangor, que tem estudado vários produtos potenciais para vazamentos de petróleo, disse que relatórios da Administração Nacional Oceânica e Atmosférica dos Estados Unidos sugeriram que os dispersantes estavam "mudando a natureza do óleo em um caminho muito desfavorável", tornando mais difícil sua decomposição por bactérias marinhas naturais.
 

Acompanhe tudo sobre:EnergiaOceanosPetróleoPoluição

Mais de Mundo

Após ser atingido por ciclones e terremotos em um mês, Cuba recebe ajuda internacional

Bruxelas diz que negociação com Mercosul está progredindo, mas não dá prazo para conclusão

EUA criticam mandados de prisão da Corte de Haia contra Netanyahu e ex-ministro

Em autobiografia, Angela Merkel descreve Trump como alguém 'fascinado' por autocratas