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Indústria brasileira paga 50% a mais por energia que média mundial

A diferença chega a 134% quando se compara o Brasil com os demais países dos Brics; para o setor, os altos encargos prejudicam a competitividade

Recordista em encargos, o Brasil tem a 4ª tarifa mais cara de energia industrial.   (EXAME)

Recordista em encargos, o Brasil tem a 4ª tarifa mais cara de energia industrial. (EXAME)

Vanessa Barbosa

Vanessa Barbosa

Publicado em 11 de agosto de 2011 às 15h41.

São Paulo – O preço das tarifas de energia elétrica tem sufocado a indústria nacional. Segundo estudo da Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro (Firjan), a tarifa média de energia elétrica paga pela indústria brasileira é de R$ 329 por megawatt-hora (MWh), quase 50% a mais que a média mundial de R$ 215,50. A pesquisa considera os dados de 27 países disponíveis na Agência Internacional de Energia.

A diferença chega a 134% quando se compara o Brasil com os demais países emergentes dos Brics (Rússia, Índia e China), que pagam em média R$ 140,70. O país também tem custos mais elevados para geração, transmissão e distribuição de energia do que seus principais parceiros comerciais. Enquanto por aqui, o MWh sai por R$ 165, nos Estados Unidos ele é de R$ 124,7 e, na China, de R$142,4. Na Argentina, o custo cai quase pela metade em relação ao Brasil, chegando a R$ 88,1.

“O maior impacto das altas tarifas é no preço final dos produtos, tanto no mercado interno quanto no mercado externo”, diz Cristiano Prado, gerente de Competitividade Industrial e Investimentos da Firjan. “Com isso, a indústria brasileira perde competitividade frente aos seus concorrentes internacionais”.

Recordista de encargos

Um componente que torna a modicidade tarifária uma realidade distante do setor são os 14 encargos, que respondem por 17% da tarifa final de energia elétrica da indústria, destaca o estudo. Só os tributos federais e estaduais PIS/COFINS e ICMS, respectivamente, representam em média 31,5% do preço das tarifas. “Sob qualquer ótica, o nosso custo de geração, que deveria ser baixo, pela vantagem de termos muitas hidrelétricas, ainda é bem superior a média de outros países", critica Prado. 

Alguns setores industriais, que fazem uso intenso de energia, sentem mais fundo o peso da quarta tarifa mais cara do mundo – o Brasil só perde para a República Tcheca, Turquia e Itália. É o caso do setor de alumínio, onde a energia representa mais de 50% dos custos de produção, da indústria de vidro (40%) e de aço (em torno de 20%).

Perda real

Como, de fato, o alto custo de energia industrial afeta a competitividade da indústria brasileira? Para responder a essa pergunta, o estudo simulou alguns cenários. No setor têxtil, por exemplo, uma confecção de roupas com cerca de 60 empregados e produção essencialmente diurna, que consuma aproximadamente 36,3 mil kWh/mês, possui uma conta de energia elétrica da ordem de R$ 15 mil/mês, contra um valor médio da ordem de R$ 7 mil/mês de uma confecção similar em países como China e Índia, integrantes dos Brics.

Em um ano, segundo o estudo, a diferença na conta de energia (R$ 96 mil) permitiria a empresa brasileira adquirir duas máquinas de bordado ou contratar dois estilistas para atuar na criação e desenvolvimento de peças. “O setor têxtil brasileiro está sofrendo muito com India e China, e o que sempre se fala é que a culpa é do custo do trabalhador, mais barato naqueles países, mas não é bem assim”, afirma Prado. “Se conseguíssemos equalizar os custos de energia, as empresas nacionais teriam a possibilidade de aumentar o valor agregado de seus produtos e criar diferenciais de competitividade", conclui.

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