Imigrantes rohingya de Mianmar e Bangladesh foram levados para abrigo improvisado na próvincia indonésia de Aceh (Reza Juanda/AFP)
Da Redação
Publicado em 11 de maio de 2015 às 08h50.
Jacarta - Quase 2.000 imigrantes, procedentes de Mianmar e Bangladesh, foram resgatados nos últimos dois dias nas costas da Indonésia de a Malásia, anunciaram as autoridades, que advertiram para a possibilidade de que milhares de pessoas podem estar em alto-mar.
Um total de 1.400 pessoas foram resgatadas nesta segunda-feira, um dia depois da operação que salvou 600 imigrantes em uma embarcação de madeira na costa da província de Aceh, na Indonésia.
Mais de 1.000 imigrantes procedentes de Bangladesh e Mianmar chegaram nesta segunda-feira às costas da Malásia, depois que foram abandonados por traficantes de seres humanos na ilha de Langkawi, anunciou a polícia.
"Acreditamos que eram três embarcações com 1.018 imigrantes a bordo", disse o subcomissário de polícia de Langkawi, Jamil Ahmed, que não descarta a possibilidade da presença de mais imigrantes em outros pontos da ilha.
Um barco foi confiscado, mas os outros dois conseguiram fugir, segundo Ahmed. Muitas pessoas chegaram à costa a nado.
"Nossa equipe localizou outra embarcação com mais de 400 imigrantes rohingyas de Mianmar e bengaleses, à deriva na costa de Aceh, esta manhã", declarou à AFP Budiawan, coordenador do resgate.
Entre as pessoas resgatadas estavam 92 crianças, informou Budiawan, que, como muitos indonésios, tem apenas um nome.
Outras embarcações com imigrantes a bordo podem chegar às costas da Indonésia.
"Estamos em alerta e preparados para resgatá-los", disse Budiawan.
Os barcos, que têm como destino mais frequente a Tailândia, foram, ao que parece, desviados pas os países vizinhos depois que o governo tailandês adotou medidas contra os traficantes de migrantes, após a descoberta de dezenas de fossas comuns em "campos de escravos" no sul do país.
As autoridades de Mianmar consideram os rohingyas, uma minoria muçulmana de quase de 800.000 pessoas, imigrantes ilegais procedentes da vizinha Bangladesh.
Nos últimos anos, a violência sectária obrigou milhares de rohingyas a fugir para salvar a vida.
Os rohingyas, considerados pela ONU uma das minorias mais perseguidas do mundo, tentam chegar à Malásia, país de maioria muçulmana, passando pelo sul da Tailândia ou pelo mar de Andaman, com a ajuda de traficantes.
Na Indonésia, pescadores ajudam as equipes de resgate em Aceh, noroeste do país.
Quase mil imigrantes estão em abrigos e casas particulares da região, onde recebem atendimento médico e refeições, segundo Budiawan.
As autoridades elevaram o número de pessoas resgatadas no domingo em Aceh de 469 a 573.
Chris Lewa, do Projeto Arakan, um grupo de defesa dos direitos dos rohingya, acredita que milhares de imigrantes estão bloqueados no mar depois da repressão do tráfico na Tailândia e Malásia nos últimos meses.