FAO acredita que as reservas de cereais vão cair "bruscamente" em 2011 (Zandland/Wikimedia Commons)
Da Redação
Publicado em 3 de março de 2011 às 09h25.
Roma - O índice de preços dos alimentos da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) bateu o recorde dos últimos 20 anos em fevereiro de 2011 ao se situar em uma média de 236 pontos, um recorde histórico em termos reais e nominais.
Segundo a FAO informa nesta quinta-feira em comunicado, este índice, que a cada mês mede as variações dos preços em uma hipotética cesta composta por cereais, açúcar, oleaginosos, carne e lácteos, subiu em fevereiro 2,2% com relação a janeiro passado, um recorde desde que a agência da ONU começou a acompanhar os preços dos alimentos, em 1990.
Este aumento representa a oitava alta mensal consecutiva e acontece diante da previsão da FAO de um processo de "rigidez" no equilíbrio entre oferta e procura de cereais para o período 2010-2011.
A agência das Nações Unidas acredita que, devido ao crescimento da demanda e a queda na produção de cereais registrada em 2010, neste ano as reservas de cereais mundiais diminuirão "bruscamente".
"A inesperado alta do preço do petróleo poderia exacerbar uma situação muito precária nos mercados alimentícios. Isto acrescenta uma maior incerteza sobre o comportamento dos preços, quando está a ponto de começar a semeadura em algumas das principais regiões produtoras", comenta na nota David Hallam, diretor da divisão da FAO para o Comércio e os Mercados.
O índice da FAO para os preços dos cereais subiu 3,7% em fevereiro (254 pontos), o nível mais alto desde julho de 2008, ano considerado como o da crise dos alimentos.
Já o indicador de preços de produtos lácteos subiu em fevereiro 4% com relação ao mês anterior (230 pontos), embora tenha ficado muito abaixo do máximo alcançado em novembro de 2007.
Os preços dos produtos gordurosos e oleaginosos subiram 279 pontos, nível um pouco abaixo do recorde de junho de 2008, enquanto o índice da carne subiu 2% em fevereiro com relação a janeiro de 2011.
O índice de preços da FAO sobre o açúcar, no entanto, se contraiu um pouco em fevereiro de 2011, se comparado a janeiro passado, embora continue sendo 16% superior ao do mesmo mês de 2010.
O aumento nas previsões da Argentina, China e Etiópia para 2010 fez elevar as estimativas de produção de cereal deste ano para 8 milhões de toneladas, quantidade "ligeiramente" menor do que a produção de 2009.
As previsões para a demanda mundial de cereais no período 2010-2011, não só para a alimentação, mas também para os fins industriais, foram revisadas em alta desde dezembro passado e se situam nas 18 milhões de toneladas.