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Índia prende médico por morte de mulheres esterilizadas

Polícia prendeu cirurgião que esterilizou mais de 80 mulheres, sendo que 13 morreram

Indianos protestam contra as mortes de mulheres esterilizadas em programa do governo (AFP)

Indianos protestam contra as mortes de mulheres esterilizadas em programa do governo (AFP)

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Da Redação

Publicado em 13 de novembro de 2014 às 11h34.

Nova Deli - A polícia indiana prendeu o cirurgião que esterilizou no sábado passado mais de 80 mulheres na região central do país, um programa que terminou com 13 mortes, em um caso que provocou pedidos de reforma nas leis de planejamento familiar.

R.K Gupta foi detido na quarta-feira no estado de Chhattisgarh para um interrogatório, anunciou o chefe de polícia Pawan Deo.

O médico esterilizou em apenas cinco horas 83 mulheres, que receberam 1.400 rupias (23 dólares) cada uma, como parte de um plano de esterilização do governo para controlar a demografia do país.

Treze mulheres morreram e dezenas foram internadas por complicações.

O médico será apresentado a um tribunal e a polícia pretende apreender o material utilizado nas cirurgias, já que existe a possibilidade de que estivesse infectado.

Gupta afirmou que o governo o pressionou para realizar as operações em série e atribuiu as mortes aos medicamentos administrados.

"Não é minha culpa, a administração me pressionou para que cumprisse os objetivos", disse o médico, segundo o canal NDTV.

"As operações transcorreram bem, o problema foi provocado pelos medicamentos administrados às mulheres", afirmou.

O governo de Chhattisgarh proibiu a venda de seis medicamentos pelo temor de que estariam fora das normas de uso, informou a agência Press Trust of India.

Desinformação

A esterilização é um dos métodos mais aplicados de planejamento familiar na Índia, onde muitos estados adotam a medida de forma expressiva, sobretudo com as mulheres das áreas rurais, que em tese são voluntárias mas geralmente estão desinformadas, segundo as ONGs.

As vítimas sofreram vômitos e uma forte queda de pressão após a esterilização por laparoscopia.

Neelu Bai, uma adolescente de 16 anos, contou como foi a morte de sua mãe.

"Ela começou a vomitar ao voltar para casa. O médico disse que ela vomitava porque fazia calor. Recomendou que tomasse outro medicamento contra os vômitos", declarou a NDTV.

O governo regional suspendeu quatro diretores da secretaria de Saúde e abriu uma investigação. Na quarta-feira, os moradores protestaram nas ruas da capital do estado, Raipur, para pedir a renúncia do governador.

A ONG Human Rights Watch (HRW) denunciou o número elevado de mortes em campanhas de esterilização, situação que atribui, entre outros fatores, ao fato dos funcionários do setor de saúde serem obrigados a cumprir metas mensais "informais".

De acordo com a HRW, alguns estão expostos a cortes salariais e até demissões em alguns estados caso não cumpram os objetivos, que supostamente não deveriam existir.

"O acesso à informação, a informação sobre o consentimento e a qualidade dos serviços são sacrificados em nome de um enfoque centrado nas metas", afirmou a pesquisadora Aruna Kashyap, citada no site da ONG.

"As mulheres nem sempre são informadas sobre os métodos anticonceptivos disponíveis, sobre o caráter irreversível da esterilização ou as possíveis complicações", completou.

*Atualizada às 12h34 do dia 13/11/2014

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