Índia: país teve mais de 42.800 casos e 1.300 mortes por coronavírus, mas especialistas estimam que números podem ser ainda maiores (Adnan Abidi/Reuters)
Reuters
Publicado em 4 de maio de 2020 às 18h07.
Última atualização em 5 de maio de 2020 às 00h09.
A polícia da Índia lançou gás lacrimogêneo contra uma multidão de trabalhadores imigrantes que protestava em Gujarat e agrediu centenas de pessoas que faziam fila em lojas de bebida de Nova Délhi com porretes no momento em que se adotam as primeiras medidas de relaxamento do lockdown do coronavírus.
Em vigor desde 25 de março, o maior isolamento do mundo está sendo amenizado lentamente em algumas áreas com menos infecções, mas continuará a valer ao menos até 17 de maio, disse o governo na semana passada.
Embora autoridades digam que as restrições rigorosas ao trabalho e à circulação sejam cruciais para se derrotar o vírus, a interdição ameaça a sobrevivência econômica de muitos, inclusive os cerca de 140 milhões de imigrantes impedidos de voltar para casa.
Cerca de mil trabalhadores que pediam ajuda para retornar ao lar em Estados de toda a Índia se reuniram nos arredores da cidade de Surat, em Gujarat, e atiraram pedras nos policiais que ordenaram que eles dispersassem, disse um agente.
"Detivemos 80 pessoas até agora e estamos no processo de identificar mais", disse o chefe de polícia de Surat, A.M. Muniya, aos repórteres.
Parceira da Reuters, a ANI compartilhou um vídeo que mostra a polícia lançando gás lacrimogêneo contra um grupo grande de homens parados em um travessa repleta de lojas fechadas. A televisão local exibiu imagens de policiais entrando em edifícios e casas da área e detendo pessoas.
Surat, um centro industrial e um polo de processamento de diamante, sofreu vários incidentes resultantes de tumultos de trabalhadores desde que o isolamento começou.
Na capital Nova Délhi, onde alguns escritórios voltaram a funcionar nesta segunda-feira com menos funcionários e surgiu algum tráfego nas ruas, uma autoridade policial disse que os agentes foram obrigados a agir depois que multidões se reuniram diante de lojas de bebida.
"As pessoas não estavam ouvindo as orientações da polícia", disse o agente, que não quis se identificar por não estar autorizado a falar com a mídia.
Até o momento, a Índia teve mais de 42.800 casos e 1.300 mortes em meio a um aumento rápido de ocorrências, e alguns especialistas temem que as cifras verdadeiras possam ser maiores em um país de 1,3 bilhão de pessoas, muitas das quais só têm acesso limitado a cuidados de saúde.