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Incêndios mais intensos da história abalam economia do Canadá

Mais de 200 residências foram destruídas pelas chamas nesta região rica e turística da Colúmbia Britânica

Canadá: O país viu sua economia encolher 0,2% no segundo trimestre (Gary Hershorn/Getty Images)

Canadá: O país viu sua economia encolher 0,2% no segundo trimestre (Gary Hershorn/Getty Images)

AFP
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Agência de notícias

Publicado em 2 de setembro de 2023 às 20h17.

A vinícola de sua propriedade serviu de moradia para Joanna Schlosser durante os seis dias em que um incêndio rondou sua cidade. Mas hoje, esta moradora do oeste do Canadá está preocupada não só com os prejuízos de longo prazo que seu estabelecimento vai sofrer, mas também toda a economia do país.

O Canadá vive este ano a temporada de incêndios mais intensa de sua história: quase 16 milhões de hectares queimaram e 200.000 pessoas foram deslocadas, especialmente no oeste e no extremo norte do país. Pouco a pouco, a conta e o impacto econômico aumentam para o país, membro do grupo das nações mais ricas do planeta, o G7.

"Devemos fazer frente a uma temporada bastante devastadora em termos de visitas e vendas nos vinhedos", explica à AFP Schlosser, que precisou abandonar sua casa em poucos minutos no meio da noite.

Mais de 200 residências foram destruídas pelas chamas nesta região rica e turística da Colúmbia Britânica. Este ano, os lucros do setor turístico diminuíram consideravelmente. Os visitantes fogem dos incêndios e da fumaça, que asfixia esta região há semanas. Com o aeroporto e a estrada principal da cidade de Kelowna fechados temporariamente, degustações, casamentos e outros eventos foram cancelados.

Números ruins

Stephen Brown, analista da Capital Economics, explica em nota que, a princípio, os incêndios florestais têm pouco impacto na economia canadense. Mas, este ano, "se estenderam tanto que estamos vendo um impacto maior que o habitual" e parecem ser "responsáveis por grande parte da recente fragilidade do PIB".

Como a temporada de incêndios ainda não terminou, "os números provavelmente continuarão ruins nos próximos meses", acrescenta. O Canadá viu sua economia encolher 0,2% no segundo trimestre e no começo do terceiro mantém a mesma tendência.

Entre os fatores que contribuíram para esta queda estão "os incêndios florestais, que suspenderam a produção de petróleo e gás em maio e limitaram a atividade dos consumidores em junho", afirma James Orlando, do TD Bank.

Outro setor afetado é o da indústria madeireira, que emprega mais de 30.000 pessoas. Em um relatório publicado em junho, a Oxford Economics advertiu que os incêndios florestais poderiam reduzir o crescimento do Canadá 0,3 e 0,6 ponto percentual este ano. No entanto, o balanço "não é tão ruim quanto poderia ter sido", afirma Tony Stillo, da Oxford Economics. "Embora os incêndios florestais sejam significativos, ocorrem em áreas remotas e sua incidência nas grandes populações, nos centros econômicos ou nos corredores de transporte é menor", destaca.

Multiplicação de desastres

Em seu novo plano de adaptação climática, Ottawa estima o custo anual da luta contra os incêndios florestais em cerca de US$ 737 milhões (R$ 3,6 bilhões, na cotação atual).

O governo destaca especialmente que, segundo o Instituto Canadense do Clima, as mudanças climáticas, que agravam os episódios de seca e, portanto, tornam mais prováveis e frequentes os incêndios florestais, poderiam reduzir à metade o crescimento econômico do país nos próximos anos. Estima-se que as perdas anuais médias com desastres alcancem cerca de US$ 11,4 bilhões (R$ 56 bilhões, aproximadamente) até 2030.

As perdas das companhias de seguros quintuplicaram desde 2009 para mais de US$ 1,47 bilhão (R$ 7,2 bilhões) ao ano, segundo o Escritório de Seguros do Canadá, que representa várias empresas privadas do setor. Jason Clark, que trabalha para a organização, diz preocupar-se que os canadenses não enfrentem mais uma catástrofe a cada década, mas "vários acontecimentos em um único ano": incêndios, inundações, ondas de calor, tempestades. "Quando os países experimentam regularmente graves perdas, isto tem um impacto significativo nas avaliações de riscos e nos prêmios dos seguros", acrescenta. "Precisamos estar mais bem preparados".

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