Indonésia: os incêndios estão provocando tensões diplomáticas, já que a fumaça está se espalhando para países vizinhos (Antara Foto/Rony Muharrman/Reuters)
EFE
Publicado em 13 de setembro de 2019 às 11h35.
Jacarta — Os incêndios florestais arrasam a Indonésia, com mais de 5 mil "pontos quentes" detectados nesta sexta-feira pelo satélite do Instituto Nacional Aeronáutica e Espacial (Lapan, sigla em indonésio) e estão provocando tensões diplomáticas, já que as fumaças poluentes estão espalhando para países vizinhos.
Os incêndios, que começaram no início da estação seca em junho e pioraram no começo deste mês, já causaram tensões diplomáticas com a Malásia, que assegura que a fumaça está chegando até seu território e afetando a saúde dos seus cidadãos, enquanto a Indonésia nega e afirma que as chamas do país vizinho contribuem para a crise.
A ministra do Meio Ambiente da Malásia, Yeo Bee Yin, pediu na última quarta-feira na sua conta do Facebook à ministra indonésia, Siti Nurbaya, para que ela não "negue a realidade", pois naquele dia apenas sete pontos quentes foram registrados na Malásia contra centenas do outro lado da fronteira.
No dia seguinte, Yeo Bee Yin anunciou que o primeiro-ministro malaio, Mahathir bin Mohamad, escreveria uma carta ao presidente indonésio, Joko Widodo, para discutir o assunto.
Centenas de escolas na província de Sarawak, na Malásia, fecharam na última terça-feira, afetando 150 mil alunos, e as autoridades da Malásia entregaram meio milhão de máscaras para serem distribuídas nos colégios.
As províncias indonésias de Riau, Jambi e Sumatra do Sul, na ilha de Sumatra, e de Bornéu Meridionais, Bornéu Ocidentais e Bornéu Central, na ilha de Bornéu, concentram o maior número de incêndios, com Bornéu Central e seus 2 mil pontos quentes.
"Os incêndios contribuem para as emissões e aumentam a temperatura no mundo, junto com a Amazônia no Brasil e a bacia do Congo na África, grande parte da floresta tropical está queimando", disse à Agência Efe, o chefe da campanha de florestas do Greenpeace no Sudeste Asiático, Kiki Taufik.
Na capital da província de Riau, Pekanbaru, a fumaça obrigou o desvio na manhã de hoje de voos que seguiam para seu aeroporto e atrasou aterrissagens devido à pouca visibilidade, segundo os dados de voo da "Flightradar24".
A fumaça dos incêndios obrigou as escolas a fecharem este mês em Sumatra e Bornéu e disparou o número de pessoas afetados por doenças respiratórias, denuncia o Greenpeace.
A Agência Nacional de Gestão de Desastres (BNPB, sigla em indonésio) afirma que 320 mil hectares foram calcinadas até o mês passado, enquanto, segundo o Greenpeace, cerca de um quarto do território queimado este ano é de floresta primária e turfosa, solo rico em carbono.
Este é o pior ano de incêndios desde 2015, quando as chamas, em parte provocadas por empresas de papel e de óleo de palma queimaram uma extensão de 2,6 milhões de hectares, resultando em uma série de medidas governamentais para proteger e restaurar as florestas protegidas.