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Sobe para cinco o número de mortos por conta dos incêndios em Los Angeles

Desde terça-feira, o fogo tem se espalhado pelo condado; até o momento, mais de 150 mil pessoas receberam ordens de deixar suas casas

Publicado em 9 de janeiro de 2025 às 06h19.

Última atualização em 9 de janeiro de 2025 às 07h26.

Ao menos cinco pessoas morreram em um dos incêndios ativos e fora de controle que assolam o condado de Los Angeles, no estado da Califórnia (EUA), e mais de 1.100 estabelecimentos comerciais e outros edifícios foram queimados, de acordo com autoridades locais.

"Havíamos reportado mais cedo duas mortes. Infelizmente, elas aumentaram para cinco à medida que avançamos na área", informou o xerife do condado de Los Angeles, Robert Luna, à rádio KNX.

As mortes foram registradas no incêndio em Eaton, Altadena, subúrbio vizinho à cidade de Pasadena, ao norte de Los Angeles, onde as chamas queimaram quase 4.300 hectares

"Tivemos 22 horas brutais em Pasadena", disse em entrevista coletiva o funcionário da prefeitura Miguel Márquez. Os bombeiros "se depararam com escuridão, fogo e ventos de 129km/h".

O comandante dos bombeiros de Pasadena, Chad Augustín, informou que sua equipe passou a noite "retirando pessoas de prédios em chamas, ruas e veículos. O número de mortos seria bem maior sem os atos heroicos deles".

William Gonzales deixou sua casa em Altadena durante a madrugada e retornou horas mais tarde, para ver o que restou. "Aqui era a nossa casa com minhas irmãs e perdemos praticamente tudo. As chamas consumiram todos os nossos sonhos de anos. Tudo virou cinzas", disse à AFP.

Jesse Banks, outro morador da comunidade, conseguiu escapar das chamas, mas, até a tarde dessa quarta, não havia conseguido encontrar seu filho, que também fugiu do fogo. "Moro nesta área há 20 anos e já tínhamos visto incêndios nas montanhas, mas nada assim".

Declaração de desastre

Após receber um relatório sobre os múltiplos incêndios na região e visitar o local, o presidente Joe Biden declarou situação de desastre grave, que permite a alocação de recursos para enfrentar a tragédia.

“Estamos fazendo o que for preciso e pelo tempo que for necessário para conter esses incêndios e garantir que tudo volte ao normal”, disse Biden no quartel dos bombeiros na cidade de Santa Monica.

“Vai ser um longo caminho. Levará tempo”, acrescentou o presidente americano, que estava acompanhado pelo governador da Califórnia, Gavin Newsom, e pelo senador Alex Padilla.

Biden ordenou o envio de equipes aéreas e terrestres com pelo menos cinco aviões-tanque, 10 helicópteros e dezenas de caminhões para ajudar as autoridades locais a lidar com os incêndios.

“Aprovei o pedido do governador Newsom para uma declaração de desastre grave”, disse.

Incêndios fora de controle

Vários incêndios tiveram início no entorno de Los Angeles nas últimas 24 horas. Três deles estavam fora de controle e causaram grandes estragos.

O primeiro deles começou na manhã de ontem, em Pacific Palisades, um subúrbio de Los Angeles cobiçado por celebridades e estrelas de Hollywood. As chamas consumiram mais de 39.121 hectares. Outro forte incêndio que avança rapidamente é o Hurst Fire, em Sylmar, ao norte da cidade, que nas últimas horas se espalhou por 1.729 hectares.

Atualmente, 150 mil pessoas na Califórnia estão sob ordens de deixarem suas casas, e nenhum dos incêndios tem uma porcentagem de contenção, de acordo com o site do Departamento de Florestas e Proteção contra Incêndios da Califórnia (Cal Fire).

Centenas de bombeiros lutavam contra as chamas, intensificadas por fortes rajadas de vento, que se agravaram durante a noite no sul da Califórnia. Mais de 50 mil pessoas estão sob ordem de evacuação apenas no condado de Los Angeles.

"Juntos, esses incêndios estão levando os serviços de emergência ao limite", disse Kristin Cowley, do Departamento de Bombeiros da cidade, acrescentando que há vários civis feridos, além de bombeiros. Mais de 300 mil moradores do Sul da Califórnia estão sem energia.

A cidade amanheceu com aspecto apocalíptico, coberta por nuvens cinzas e alaranjadas, além de árvores caídas e várias de suas palmeiras características quebradas devido à força dos ventos.

A força dos incêndios simultâneos desafia até mesmo o abastecimento de água da cidade. Muitos hidrantes secaram durante o enfrentamento das chamas, e o Serviço de Água e Eletricidade de Los Angeles pediu aos cidadãos que economizassem o recurso.

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Sem precedentes

O avanço do fogo provocou cenas de pânico em várias comunidades da costa californiana. Escolas foram fechadas e importantes vias da cidade estavam bloqueadas.

Algumas árvores do Getty Villa, um dos maiores centros de arte do mundo, pegaram fogo devido à proximidade das chamas. No entanto, a instituição "permanecerá segura e intacta", de acordo com um comunicado emitido na manhã dessa quarta-feira.

Os incêndios começaram em um ambiente de baixa umidade e justo quando os chamados ventos de Santa Ana, característicos nesta temporada do ano na Califórnia, avançam com força na região. Autoridades advertiram que a situação está longe de melhorar.

Incêndios são frequentes no Oeste dos Estados Unidos, mas a alteração dos padrões climáticos resultou em condições extremas, aumentando a intensidade desse tipo de incidente.

A Califórnia passou por dois invernos consideravelmente úmidos, o que favoreceu o crescimento da vegetação, que serve de combustível para os incêndios. Já este inverno se apresenta seco.

O meteorologista Daniel Swain explicou que, embora os ventos tenham alcançado uma magnitude muito poderosa, "o que é sem precedentes é a seca". - A falta de chuva, o calor anômalo e a seca que vimos nos últimos seis meses é algo que não temos registrado desde os anos de 1800 - comentou.

As causas de todos os incêndios estão sob investigação.

Com informações de EFE e O Globo

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