O trem, com cerca de 2.000 passageiros, da companhia privada TBA, chocou-se nesta quarta-feira contra estação terminal (Daniel Vides/AFP)
Da Redação
Publicado em 26 de fevereiro de 2012 às 11h49.
Buenos Aires - A gravação de áudio do último contato do trem acidentado na quarta-feira passada na Argentina - que deixou 51 mortos e 703 feridos - indica que o maquinista não alertou o centro de controle ferroviário sobre uma falha do sistema de freios.
O conteúdo do áudio, divulgado neste domingo pela imprensa argentina, revela que o maquinista só se comunicou com o centro de controle no início de seu turno.
O contato só é retomado após o trem colidir numa plataforma da estação de Once, uma das principais de Buenos Aires, mas é a voz do guarda do trem que se ouve, pedindo ao controle o envio de ambulâncias, bombeiros e policiais.
Em depoimento na Justiça na sexta-feira passada, o maquinista do trem disse que tentou frear duas vezes e que também utilizou o freio de emergência, mas os mecanismos não funcionaram.
O maquinista Marcos Antonio Córdoba, de 28 anos, foi acusado por negligência - crime para o qual se prevê uma pena de seis meses a três anos de prisão. Após prestar depoimento, ficou em liberdade por decisão do juiz.
'Em nenhum momento do áudio do contato entre o maquinista e o controlador de tráfego se registrou algum inconveniente no trem e o maquinista jamais advertiu que o comboio tinha falhas nos freios', indicaram fontes da empresa TBA, responsável pelo serviço ferroviário, em declarações ao jornal 'La Nación'.
No entanto, sindicalistas do serviço ferroviário citados pelo jornal disseram que os trabalhadores que se negavam a conduzir trens em estado precário eram punidos pela empresa.
As denúncias sobre o mau funcionamento dos trens também aumentam entre os usuários, cujos testemunhos se multiplicam na imprensa local. Algumas das reclamações são portas automáticas abertas durante o trajeto, guichês quebrados e atrasos.
O governo argentino resolveu se apresentar como acusação na causa judicial aberta sobre o acidente. Crescem os rumores sobre uma possível intervenção do governo na empresa TBA, que recebe subsídios milionários do Estado. EFE