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Imprensa chinesa defende censura a Time e The Economist

A China pode se comunicar com o resto do mundo, mas ao mesmo tempo as opiniões ocidentais não podem entrar tão facilmente como ferramentas ideológicas


	Imprensa chinesa: "a China pode se comunicar com o resto do mundo, mas ao mesmo tempo as opiniões ocidentais não podem entrar tão facilmente como ferramentas ideológicas", argumenta um jornal local
 (Anthony Wallace / AFP)

Imprensa chinesa: "a China pode se comunicar com o resto do mundo, mas ao mesmo tempo as opiniões ocidentais não podem entrar tão facilmente como ferramentas ideológicas", argumenta um jornal local (Anthony Wallace / AFP)

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Da Redação

Publicado em 11 de abril de 2016 às 11h03.

Pequim - Os sites da revista americana "Time" e da britânica "The Economist" foram censuradas na China neste mês por causa de artigos críticos ao presidente Xi Jinping, uma medida defendida nesta segunda-feira pela imprensa oficial chinesa por considerar que Pequim deve conter a ideologia ocidental na rede.

O jornal "Global Times", ligado ao governante Partido Comunista da China, fez esta defesa em artigo de opinião que, com o nada ambíguo título de "Por que os veículos de imprensa ocidentais odeiam tanto a Grande Muralha da internet China?" argumenta que o país deve manter seu estrito controle dos conteúdos nas redes.

"A internet herdou naturalmente elementos ocidentais, como suas leis e sua ordem, e a Grande Muralha da internet -termo com o qual é conhecida a censura chinesa na rede- reduziu as tentativas de penetrar na China ideologicamente", afirma o artigo do jornal, publicado pelo grupo midiático do "Jornal do Povo".

A coluna assegura que a censura chinesa na internet, que também afeta páginas como Google, YouTube, Facebook e Twitter, poderia não ser necessária no futuro à medida que a influência da China avança no mundo e internet se desprende de seu viés ocidental.

"Não será preciso quando China e Ocidente estiverem em igualdade em termos de poder brando" afirma o jornal, que aponta para certa hipocrisia em países como os EUA que se queixam da falta de acesso de suas grandes empresas de internet ao território chinês, mas ao mesmo tempo vetam em seu país a entrada de firmas como Huawei.

O site da "The Economist" é inacessível na China -salvo com servidores de rede privada virtual VPN- desde 2 de abril, pouco depois que uma imagem do presidente da China retratado como Mao apareceu em sua manchete, sob o título "Cuidado com o culto a Xi".

Seu aplicativo para dispositivos móveis também não pode ser usado desde então na China, e várias contas ligadas à veterana publicação no Wechat, popular rede social para móveis, também estão bloqueadas.

A "Time" publicou na mesma semana uma manchete similar, na qual uma imagem de Xi parece se afastar de uma parede imaginária mostrando Mao por trás, e desde então ao tentar acessar o site da revista americana desde a China só aparecem mensagens de erro.

Segundo o "Global Times", a censura de internet alcançou no país o necessário nível de sofisticação para permitir que a informação "daninha" contra a China não chegue ao país, mas sem se desligar com exterior, por isso que a considera um êxito tecnológico.

"A China pode se comunicar com o resto do mundo, mas ao mesmo tempo as opiniões ocidentais não podem entrar tão facilmente como ferramentas ideológicas", argumenta o jornal, frequente veículo para expressar opiniões politicamente incorretas no seio do regime. 

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