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Impasse entre Trump e justiça americana sobre imigrantes continua

Contrariando Trump, a justiça confirmou que os cidadãos de sete países muçulmanos, podem entrar nos Estados Unidos

Decreto: cerca de 60.000 vistos, suspensos pelo texto, também voltaram a ser válidos, de acordo com a diplomacia americana (Reuters/Reuters)

Decreto: cerca de 60.000 vistos, suspensos pelo texto, também voltaram a ser válidos, de acordo com a diplomacia americana (Reuters/Reuters)

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AFP

Publicado em 6 de fevereiro de 2017 às 13h17.

O impasse continuava nesta segunda-feira entre o governo Trump e a Justiça americana envolvendo o decreto migratório e, neste meio tempo, cidadãos de países de maioria muçulmana atingidos pelo texto aproveitavam a suspensão para viajar aos Estados Unidos antes de uma reviravolta.

A Corte de Apelações Federal de San Francisco rejeitou no domingo o recurso apresentado na noite anterior pelo Departamento de Justiça contra uma decisão de um juiz de Seattle.

Desta forma, confirmou a decisão do magistrado James Robart, que havia emitido uma liminar na sexta-feira, válida para todo o território americano, bloqueando o decreto presidencial até que uma queixa apresentada há uma semana seja analisada.

Infligindo mais um golpe a Donald Trump, a justiça confirmou que os cidadãos de sete países muçulmanos visados pelo polêmico texto, podem entrar nos Estados Unidos. Mas a brecha pode se fechar a qualquer momento.

"Simplesmente não consigo acreditar que um juiz ponha o nosso país em tamanho perigo. Se alguma coisa acontecer, culpem a ele e ao sistema judiciário. As pessoas estão chegando aos montes. Ruim!", tuítou o presidente Trump.

"Instruí o departamento de Segurança Interna que chegasse as pessoas que entram no país MUITO CUIDADOSAMENTE. Os tribunais estão tornando o trabalho muito difícil", acrescentou.

"A opinião desse suposto juiz, que, basicamente, priva o nosso país de sua polícia, é ridícula e será revertida!", havia garantido anteriormente o presidente americano.

A decisão do juiz Robart, que entrou em vigor no sábado, reabriu as fronteiras dos Estados Unidos para cidadãos do Irã, Iraque, Líbia, Somália, Sudão, Síria e Iêmen, assim como refugiados.

A corte de apelação pediu aos estados de Washington e Minnesota, que apresentaram na segunda-feira a queixa contra o decreto que gerou uma onda de indignação global, que forneça os documentos apoiando suas reivindicações antes das 23h59 local de domingo (segunda 7h59 GMT).

Também ordenou o Departamento de Justiça a fornecer até segunda-feira à tardenovos argumentos em apoio a seu argumento.

Welcome Home

Com a espada de Dâmocles de uma reviravolta na disputa política e jurídica com repercussões em todo o mundo, os migrantes embarcaram em grande número rumo aos Estados Unidos.

Cerca de 60.000 vistos, suspensos pelo texto, também voltaram a ser válidos, de acordo com a diplomacia americana.

E muitas companhia aéreas, incluindo Air France, voltaram a aceitar cidadãos dos sete países em causa.

Kamal Fadlalla, um médico sudanês de 33 anos conseguiu retornar a Nova York no domingo, depois de se ver bloqueado por uma semana no Sudão, após uma visita de família.

"É bom" estar de volta aos Estados Unidos, disse à AFP em Nova York, onde foi recebido com "Welcome Home".

A Casa Branca, no entanto, pretende fechar rapidamente o vácuo jurídico no qual se encontram muitos migrantes e vencer a batalha judicial, multiplicando as apelações ou levando o caso à Suprema Corte.

O vice-presidente Mike Pence visitou os estúdios de televisão no domingo para expressar sua "frustração". O executivo, prometeu na Fox News, "vai reagir muito rapidamente".

"Nós vamos ganhar a batalha de argumentos (na justiça) porque vamos tomar as medidas necessárias para proteger o país", garantiu.

Duas Américas

Novas vozes criticaram o decreto, já bombardeado por todos os lados, e milhares de manifestantes saíram às ruas neste fim de semana.

O texto "não foi preparado e (...) foi baseado em mentiras", denunciou na CNN Madeleine Albright, ex-secretária de Estado do ex-presidente democrata Bill Clinton.

"Os mecanismos (políticas) deixam a desejar", acrescentou Stephen Hadley, que foi assessor de segurança nacional do ex-presidente George W. Bush. "Mas acredito que estavam tentando (...) enviar uma mensagem para o país".

A assinatura do decreto na sexta-feira dividiu profundamente os Estados Unidos.

Aos opositores que o acusam de racismo e islamofobia, o presidente Trump continua a responder por meio da necessidade de lutar contra a ameaça terrorista.

Símbolo do diálogo de surdos entre duas Américas que não conseguem se entender, dezenas de manifestantes, pró-Trump de um lado, e anti-Trump de outro, enfrentaram-se em frente à Trump Tower, em Nova York, no domingo.

Os primeiros pedindo "uma chance" para o presidente, e os demais requisitando o acolhimento dos refugiados.

Até mesmo o Super Bowl, evento emblemático no país, não foi poupado. A plataforma Airbnb surpreendeu cum uma propaganda promovendo a tolerância a todas as religiões e origens.

Durante o intervalo, a diva pop Lady Gaga também enviou uma mensagem de tolerância, iniciando seu show cantando a muito patriótica "God Bless America" e "This Land is Your Land", que lembram que os Estados Unidos são "uma nação de liberdade e justiça para todos".

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