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Imigrantes são pressionados a trabalhar em matadouros de frango nos EUA

Casos de coronavírus explodiram em fábricas da península de Delmarva; Haitianos e os hispânicos foram as primeiras vítimas do vírus

Perdue: empresa se recusa a informar sobre os casos positivos detectados (Daniel Acker/Bloomberg/Getty Images)

Perdue: empresa se recusa a informar sobre os casos positivos detectados (Daniel Acker/Bloomberg/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 5 de maio de 2020 às 11h44.

Última atualização em 5 de maio de 2020 às 13h20.

O coronavírus atingiu em cheio os trabalhadores haitianos do setor avícola americano, uma mão de obra barata e vital para uma indústria que se tornou estratégica para os Estados Unidos, onde as autoridades temem uma possível escassez de carne.

"Gostaria de ficar em casa com meus três filhos, mas não tenho escolha. As contas chegam de todos os lugares", explica à AFP Tania, 27 anos, funcionária em uma usina de processamento de aves do grupo Perdue em Georgetown, Delaware (leste).

É uma das poucas pessoas que aceita falar, embora não dê seu nome completo por medo de represálias, já que Perdue é uma das fontes de trabalho mais importantes da região.

A empresa se recusa a informar sobre os casos positivos detectados, de modo que "todo mundo tem medo, trabalhamos muito próximos uns dos outros e talvez alguém ao meu lado, com quem conversei", possa estar doente, afirma Tania, que denuncia as medidas de prevenção tardias e insuficientes.

"Deveriam fechar a fábrica por algumas semanas para desinfetá-la completamente", sugere, com o rosto semicoberto por uma máscara cirúrgica.

Os casos de coronavírus explodiram recentemente nas fábricas da península de Delmarva, uma região que abrange o sul de Delaware, o leste de Maryland e nordeste da Virgínia. Os haitianos e os hispânicos foram as primeiras vítimas do vírus. Eles compõem a maior parte da mão de obra barata em um setor crucial para a economia, uma vez que a carne de frango é a mais consumida nos Estados Unidos.

Medo

A pequena cidade de Salisbury, sede histórica da Perdue, abriga cerca de 5.000 haitianos dos quais pelo menos 40% estão infectados, segundo estimativas de Habacuc Petion, fundador da Radio Oasis, que transmite em crioulo, a língua oficial dos haitianos, para uma comunidade estimada em 20.000 pessoas nesta região.

Muitos rejeitam o confinamento por medo de serem demitidos. "Mesmo que esteja com febre, tomam um comprimido e vão trabalhar", explica o responsável pelas associações locais, de 45 anos.

A doença avança também devido ao medo de hospitais e à barreira do idioma, afirmam alguns médicos.
Diante do risco de escassez ou interrupção do abastecimento, o presidente Donald Trump ordenou que as fábricas de processamento de carne bovina e de aves continuassem funcionando, apesar da pandemia.

O grupo Perdue afirma que garante a segurança de seus funcionários: medem a temperatura, usam equipamentos de proteção, distanciamento social nos espaços comuns e nas linhas de produção. E onde isso não for possível, instalaram separadores, afirma a Perdue em um comunicado.

O grupo também aumentou os salários. Segundo Habacuc Petion, "é uma tentação que muitas pessoas não conseguem resistir".

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