Sobreviventes descansam em povoado da ilha de Java após resgate: até o momento foi confirmada a morte de cinco crianças - entre elas um bebê de 18 meses -, uma mulher grávida e um homem (AFP)
Da Redação
Publicado em 3 de outubro de 2013 às 19h38.
Jacarta - Dezenas de imigrantes que se dirigiam à Austrália seguem desaparecidos após o naufrágio de sua embarcação em frente à costa da Indonésia.
157 passageiros foram resgatados, indicou à AFP Rochmali, o responsável indonésio pelas operações de resgate que, como muitos no país, tem apenas um nome. Um dos resgatados, uma criança, morreu pouco depois.
Até o momento foi confirmada a morte de sete pessoas: cinco crianças - entre elas um bebê de 18 meses -, uma mulher grávida e um homem de cerca de 30 anos, disse Achmad Suprijatna, um porta-voz da polícia local.
Até o momento não se sabe o número exato de passageiros da embarcação. Segundo o porta-voz da polícia de Java-Oeste, Martinus Sitompol, havia 204 pessoas a bordo, embora um sobrevivente tenha dito que transportava ao menos 250 pessoas.
"Não sabemos exatamente quantas pessoas iam a bordo, estamos nos concentrando na busca de náufragos", disse Rochmali, calculando que este número podia chegar a 250. Segundo este funcionário, os imigrantes eram provenientes de Iraque, Irã e Sri Lanka.
A embarcação naufragou na noite de terça-feira, pouco depois de ter saído de Cidaun, um povoado pesqueiro na costa meridional da ilha de Java.
O barco se dirigia à ilha australiana de Christmas, relativamente próxima à Indonésia, destino almejado por muitos imigrantes que desejam obter o status de refugiados.
Ao menos 38 náufragos, entre eles mulheres e crianças, conseguiram alcançar a margem depois de nadar duas ou três horas, indicaram à AFP vários sobreviventes.
Começou a entrar água no barco pouco depois de sua partida e as pessoas se jogavam no mar, contou Obijet Roy,de 42 anos.
"Sou de Sri Lanka, viajava com três amigos e íamos à ilha de Christmas. Quando estávamos no mar começou a entrar água no barco, houve pânico e as pessoas pularam na água", explicou.
Algumas conseguiram colocar coletes salva-vidas, mas não havia suficientes para todos. Outras se agarravam a destroços do barco que flutuavam.
Harun, um habitante de Cidaun, contou que viu durante a noite "grupos de imigrantes na praia". "Cada vez eram mais os que nadavam à margem", disse. Uma vez lançado o alerta, os vizinhos foram socorrer os náufragos com seus barcos de pesca.
Segundo o The Sydney Daily Telegraph, cerca de 60 pessoas morreram ou desapareceram.
"Sou o único sobrevivente", disse ao jornal um homem chamado Soheil falando do grupo de 61 iranianos com os quais embarcou em Cidaun. Soheil contou que tiveram problemas no motor após duas horas, o mar estava muito agitado e o barco se partiu.
O capitão da embarcação escapou em um bote salva-vidas sem ajudar ninguém, acrescentou a testemunha.
Refugiados sobretudo de Afeganistão, Irã e Sri Lanka passam com frequência pelas águas indonésias a caminho da Austrália. Muitas vezes, as embarcações são pouco aptas para enfrentar longos trajetos.