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Imigrantes buscam orientação à medida que posse de Trump se aproxima: 'Todos estão com medo'

Pessoas que namoram cidadãos americanos estão acelerando casamentos, e quem entrou de maneira irregular tenta pedir asilo; ONGs dão palestras informativas sobre direitos

Agência o Globo
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Agência de notícias

Publicado em 26 de novembro de 2024 às 08h42.

Última atualização em 26 de novembro de 2024 às 08h45.

O presidente eleito Donald Trump prometeu cortar a imigração — tanto legal quanto ilegal — e aumentar as deportações logo no seu primeiro dia de mandato. Os imigrantes estão correndo para se antecipar à repressão.

Os residentes estrangeiros estão congestionando as linhas telefônicas dos advogados de imigração. Também estão lotando reuniões informativas realizadas por organizações sem fins lucrativos. E estão tomando todas as medidas possíveis para se protegerem das medidas abrangentes que Trump prometeu adotar após sua posse em 20 de janeiro.

"Pessoas que deveriam estar com medo estão vindo, e pessoas que estão bem com um green card estão se apressando", disse Inna Simakovsky, advogada de imigração em Columbus, Ohio, acrescentando que sua equipe está sobrecarregada de consultas. "Todos estão com medo".

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As pessoas com green cards querem se tornar cidadãos o mais rápido possível. As pessoas que têm uma situação legal tênue ou que entraram no país de maneira irregular estão se esforçando para pedir asilo, pois, mesmo que a reivindicação seja fraca, ter um caso pendente as protegeria da deportação — de acordo com os protocolos atuais. As pessoas que têm relacionamentos com cidadãos americanos estão acelerando o casamento, o que as torna elegíveis para solicitar um green card.

No total, há cerca de 13 milhões de pessoas com residência permanente legal. E estima-se que havia 11,3 milhões de pessoas de maneira irregular no país em 2022, o último número disponível.

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"O resultado da eleição me colocou em um estado de pânico que me impulsionou a procurar imediatamente por uma solução permanente", disse Yaneth Campuzano, de 30 anos, engenheira de software em Houston.

Trazida do México para os Estados Unidos quando tinha dois meses de idade, ela se qualificou para o programa de Ação Diferida para Chegadas na Infância, ou Daca,
da era Obama, que permitiu que centenas de milhares de imigrantes que entraram no país quando crianças permanecessem com permissão para trabalhar.

Mas o Daca foi um alvo de Trump durante seu primeiro mandato e está sendo questionado em uma ação judicial que pode ajudá-lo a acabar com ele. Dado o estado precário do programa, Campuzano e seu noivo, um neurocientista americano, aceleraram os planos de se casar. Eles se casarão no próximo mês, antes da posse de Trump.

"Somente depois que meu status estiver seguro é que poderei respirar novamente", disse a engenheira.

'Nos preparar para o pior'

Os eleitores de ambos os partidos ficaram frustrados com o caos na fronteira durante o governo do presidente Joe Biden. Trump fez campanha com a promessa de deportações em massa e, na semana passada, disse que pretendia declarar uma emergência nacional e usar as forças armadas dos EUA para atingir seu objetivo. Seu principal assessor de política de imigração, Stephen Miller, disse que "vastas instalações de detenção" serviriam como "centros de preparação" para a operação. Na semana passada, o comissário de terras do estado do Texas ofereceu ao governo federal mais de mil acres perto da fronteira para a construção de centros de detenção.

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As deportações não são incomuns. Trump deportou cerca de 1,5 milhão de pessoas durante seu primeiro mandato, de acordo com uma análise do Migration Policy Institute. Biden removeu aproximadamente o mesmo número. O presidente Barack Obama deportou 3 milhões em seu primeiro mandato.

No entanto, desde a década de 1950, os EUA não tentam deportar pessoas em massa e não criaram anteriormente um vasto aparato de detenção para facilitar as expulsões.

Além de Miller, o presidente eleito nomeou outros defensores da imigração para cargos importantes, incluindo Thomas Homan, um veterano do Departamento de Imigração e Alfândega, para ser o "czar da fronteira". Homan disse que o governo priorizará a remoção de criminosos e pessoas com ordens de deportação pendentes. Mas também disse que as batidas nos locais de trabalho e outras ferramentas serão utilizadas para prender os imigrantes que estão no país sem permissão legal, muitos dos quais vivem ali há décadas.

Até mesmo na Califórnia, cujos líderes restringiram a cooperação com as autoridades de imigração durante o primeiro mandato de Trump e prometeram fazê-lo novamente, os imigrantes estão preocupados com o fato de a fiscalização estar se tornando excessiva.

"Desta vez, estamos com mais medo, por conta de tudo o que Trump diz que fará quando retomar o poder", disse Silvia Campos, uma trabalhadora rural mexicana sem status legal permanente que vive com o marido e três filhos, dois deles cidadãos americanos, no Condado de Riverside.

Em todos os lugares para onde olha, no rádio, na TV e nas redes sociais em espanhol, ela disse que é bombardeada com informações sobre as intenções do republicano.

"Todo mundo só fala disso", disse Campos, de 42 anos, que cruzou a fronteira com o marido há 18 anos. — Temos que nos preparar para o pior.

Reuniões informativas

Foi por isso que ela pediu ao seu gerente um dia de folga da colheita de legumes para participar de uma sessão de "conheça seus direitos" na última terça-feira em uma organização sem fins lucrativos. Entre as dicas: Você tem o direito de permanecer em silêncio. Só abra a porta para agentes de imigração que apresentarem um mandado de busca de um juiz. Não assine nada sem um advogado. Faça um plano familiar, caso você seja detido e separado de seus filhos.

Após a sessão, Campos preencheu uma declaração juramentada autorizando seus filhos a receberem atendimento médico, se necessário, e a serem cuidados por sua irmã, cidadã americana, em sua ausência. Ela mandou autenticar três cópias e, ao voltar para casa, sentou com seus filhos, de 11, 14 e 17 anos.

"Não queremos criar mais medo, mas queremos que eles estejam prontos para qualquer coisa", disse Luz Gallegos, diretora executiva do TODEC Legal Center, que começou a realizar as sessões, muitas delas com espaço apenas para ficar em pé, depois que sua linha telefônica ficou congestionada após a eleição.

A organização tem enviado equipes para informar os trabalhadores das fazendas do corredor agrícola do sul da Califórnia, que depende da mão de obra imigrante, em grande parte sem documentos. Na manhã de quinta-feira, todos os 30 trabalhadores de uma fazenda em Lakeview fizeram uma pausa na colheita e no empacotamento de verduras para assistir a uma apresentação, a quarta realizada naquele dia.

Tempo para planejar

Em Dallas, Vinchenzo Marinero, de 30 anos, beneficiário do Daca, está explorando freneticamente os caminhos para permanecer no país legalmente. Sem o programa, ele perderia seu emprego, sua carteira de motorista e, talvez, sua casa de três quartos. Ele constituiu família com uma outra beneficiária do Daca, e juntos têm um bebê de 7 meses.

"Sem o Daca, eu não conseguiria sustentar minha família", disse Marinero, que trabalha em uma emissora religiosa como engenheiro de sistemas.

Ele espera que a empresa o patrocine para obter um visto de trabalhador qualificado, mas isso pode não acontecer até o próximo ano. Nesse meio tempo, seu advogado o aconselhou a renovar seu Daca por mais dois anos, mesmo que expire em junho de 2025.

"Quando Trump assumir o cargo, espero que o meu seja renovado para que eu tenha mais dois anos", disse Marinero. "Isso me dá mais tempo para planejar".

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