Igreja: vítimas demoraram uma média de 33 anos para apresentar as denúncias (Joe Klamar/AFP)
EFE
Publicado em 6 de fevereiro de 2017 às 09h02.
Última atualização em 6 de fevereiro de 2017 às 12h47.
Sydney - Quase 4.500 pessoas denunciaram abusos sexuais a menores realizados por membros da Igreja Católica na Austrália entre 1980 e 2015, segundo um relatório apresentado hoje no início de um novo rodízio de audiências da comissão que investiga estes crimes.
"As crianças foram ignoradas ou, pior até, castigadas. As denúncias não foram investigadas", argumentou a advogada conselheira da comissão, Gail Furness, ao revelar os dados reunidos pelo órgão encarregado de investigar qual foi a resposta oficial aos abusos sexuais a menores na Austrália desde 1950.
A comissão encarregada de investigar a resposta oficial aos abusos sexuais de menores na Austrália desde 1950 ouvirá depoimentos de praticamente todos os bispos do país até o dia 27 de fevereiro.
No primeiro dia, Furness disse que foram recolhidas 4.444 denúncias e que estas apontam para centenas de religiosos, 93 deles altos cargos da Igreja, e afetam mais de mil instituições.
Os dados indicam que 78% dos denunciantes foram homens e 22% mulheres. Também revelaram que a idade média das vítimas era de 11,6 anos no caso de meninos e de 10,5 no caso de meninas, e que demoraram em média 33 anos para fazer as denúncias.
"Das 1.880 pessoas identificadas como supostos abusadores, 597 eram irmãos religiosos, 572 eram sacerdotes, 543 eram laicos e 96 eram irmãs religiosas", disse Furness.
Os dados também apontam que entre 1950 e 2010 mais de 20% dos Irmãos Maristas, dos Salesianos de Dom Bosco e dos Irmãos Cristãos foram acusados de abusos sexuais, enquanto na ordem de São João de Deus a proporção sobe para 40,4%.
O arcebispo de Sydney, Anthony Fisher, um dos convocados a depor, pediu perdão em uma pastoral pelo dano causado no passado e disse acreditar que a Igreja Católica sairá reforçada deste "caminho de humilhação".
"A Igreja lamenta e eu lamento os erros do passado que prejudicaram tantas pessoas. Estou convencido que no final da humilhação pela qual estamos passando seremos uma Igreja mais humilde, mais consciente e mais compassiva neste área. Mas estamos em uma viagem e ainda resta muito a fazer, por isso estamos agradecidos pelo estudo e pela orientação profissional da Comissão Real", comentou Fisher.