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Iemenitas vão às ruas para pedir renúncia de presidente

Dia teve os maiores protestos até agora no país, apesar da promessa do presidente de que não será mais candidato

Protestos no Iêmen: manifestações não tiveram incidentes, mas foram dispersadas pela polícia (Gamal Noman/AFP)

Protestos no Iêmen: manifestações não tiveram incidentes, mas foram dispersadas pela polícia (Gamal Noman/AFP)

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Da Redação

Publicado em 3 de fevereiro de 2011 às 15h30.

Sana, Iêmen - Milhares de pessoas foram às ruas de diversas cidades do Iêmen nesta quinta-feira para pedir a renúncia do presidente do país, Ali Saleh, em manifestações que tiveram saldo de um ferido e 27 detidos.

Os protestos mais intensos ocorreram em Áden, a 350 quilômetros ao sul da capital Sana. Fontes da oposição que pediram anonimato disseram à Agência Efe que a polícia usou gás lacrimogêneo e efetuou disparos para o alto com o objetivo de dispersar os manifestantes.

Enquanto em Sana cerca de 20 mil opositores protestaram em frente ao campus de uma universidade pública, outras dezenas de milhares se concentraram em cidades como Ib, Taiz, Radafán, Dalea e Damar, nas maiores mobilizações ocorridas no Iêmen nas últimas duas semanas.

Na capital, a jornada, batizada como "dia da ira", transcorreu de forma pacífica, apesar de manifestantes pró e contra Saleh terem se reunido em locais próximos.

Na universidade, houve um amplo reforço na segurança, que contou com soldados e policiais nas ruas e nas entradas do campus, além de helicópteros militares sobrevoando a região.

Manifestantes gritaram palavras de ordem contra o governo e cantaram músicas com versos como "sacrificamos nosso sangue, nos sacrificamos pelo Iêmen".

Além disso, expressaram sua desconfiança em relação ao discurso de ontem do presidente iemenita perante o parlamento, no qual o governante se comprometeu a congelar as reformas constitucionais que queria efetuar para não limitar o número de mandatos presidenciais.

Em sua mensagem, o líder iemenita disse "não à extensão do mandato, não à herança" e advertiu a oposição sobre a organização de manifestações violentas que causem "o caos e a destruição".

Os manifestantes da oposição rejeitaram hoje essas promessas com lemas como "revolução, revolução", "discursos falsos" e "promessas falsificadas". Alguns dançaram ao ritmo de tambores enquanto repetiam os mesmos slogans utilizados nas revoltas populares de Egito e Tunísia.

A jornada de protestos antigovernamentais de hoje foi convocada pela plataforma "Encontro Partilhado", grupo que reúne os cinco principais partidos da oposição.

Em seu discurso perante a multidão na universidade de Sana, o porta-voz dessa plataforma, Abdel-Rahman Azraqi, acusou Saleh de ter acabado com todos os recursos do Iêmen em benefício de um pequeno grupo.

Saleh "levou o país a um abismo sem fundo. Imaginou que o povo do Iêmen não é mais que um rebanho, o que lhe levou a se apoderar dos fundos e empregos públicos, além dos recursos naturais como o petróleo e o gás", afirmou Azraqi.

Por outro lado, o partido governante enviou milhares de seus seguidores à praça Tahrir - que tem o mesmo nome do local onde acontecem os principais protestos no Egito - para expressar seu apoio ao presidente e ao governo iemenitas.

Na manhã desta quinta-feira, podiam ser vistos veículos governamentais levando pessoas à praça, e ônibus e carros com alto-falantes convocando os cidadãos para participarem da manifestação a favor do governante.

Saleh foi o primeiro presidente do Iêmen do Norte, em 1978. Após a unificação do Iêmen, assumiu a presidência do país, sendo reeleito em 1999 e 2006.

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