Mundo

Iêmen: oposição rejeita diálogo e estado de emergência

Jovens que lideram os protestos rejeitaram proposta de diálogo do presidente Ali Abdullah Saleh

Militar iemenita é carregado por manifestantes durante protesto em Sanaa (Ahmad Gharabli/AFP)

Militar iemenita é carregado por manifestantes durante protesto em Sanaa (Ahmad Gharabli/AFP)

DR

Da Redação

Publicado em 23 de março de 2011 às 15h24.

Sanaa - O Parlamento iemenita aprovou nesta quarta-feira a instauração do estado de emergência, medida imediatamente rechaçada pela oposição, ao mesmo tempo em que blindados de unidades rivais eram mobilizados em Sanaa.

O presidente Ali Abdullah Saleh, de 69 anos, pediu um diálogo direto com os jovens que exigem sua saída há mais de um mês, mas estes o rejeitaram e mantiveram suas manifestações no centro da capital iemenita.

A coordenação deste movimento discutia nesta quarta-feira a possibilidade de organizar na sexta uma marcha em direção ao palácio de Saleh, diante do qual os tanques da guarda presidencial tomaram posições sob o comando do filho do presidente.

Saleh, no poder há 32 anos, está cada vez mais isolado ante a onda de contestação popular, que recebeu o apoio de generais e oficiais do Exército, de líderes religiosos e de chefes tribais.

Os Estados Unidos, que viram em Saleh um aliado na guerra contra o terrorismo, estão preocupados com o impacto que as atuais manifestações poderão ter na luta contra a Al-Qaeda na península arábica.

Segundo as autoridades iemenitas, 164 deputados dos 165 presentes no Parlamento votaram a favor do estado de emergência, proclamado em 18 de março pelo chefe de Estado depois da morte de 52 manifestantes por disparos atribuídos a partidários do regime.

Mas um deputado do partido islâmico Al-Islah, Abdel Razaq al-Hejri, denunciou como uma "falsificação vergonhosa" o voto do Parlamento, afirmando que o quórum não tinha sido alcançado, com apenas 133 deputados presentes, de um total de 301.

O líder da bancada do Partido Socialista Iemenita (oposição, ex-partido único do Iêmen do Sul) Aidarus al-Naqib, afirmou à AFP que "o poder não poderá aplicar a lei de emergência, pois neste caso teria que matar dez milhões de iemenitas".

Na ausência de uma lei que esclareça o que é o estado de emergência no país, não é possível saber de imediato se esta medida significa a proibição das manifestações realizadas desde 21 de fevereiro na Praça da Universidade de Sanaa.

O partido do presidente, o Congresso Popular Geral (CPG), possuía 170 deputados, mas entre 40 e 50 deixaram seus cargos, segundo fontes parlamentares. Estes boicotaram a sessão, assim como todos os deputados da oposição e os independentes.

"Um voto a favor da lei seria o equivalente a aprovar a matança de inocentes", indicou antes um comunicado do movimento "Jovens pela mudança".

O presidente respondeu a este comunicado oferecendo um diálogo direto com os jovens, que o rejeitaram, reiterando que exigiam a sua saída imediata.

Na terça-feira, o presidente Saleh, cujo mandato expira no final de 2013, disse que deixaria o poder no começo de 2012, mas a oposição parlamentar também rejeitou essa oferta.

Acompanhe tudo sobre:IêmenOriente MédioPolítica no BrasilProtestos

Mais de Mundo

Juiz adia indefinidamente sentença de Trump por condenação em caso de suborno de ex-atriz pornô

Disney expande lançamentos de filmes no dinâmico mercado chinês

Polícia faz detonação controlada de pacote suspeito perto da Embaixada dos EUA em Londres

Quem é Pam Bondi indicada por Trump para chefiar Departamento de Justiça após desistência de Gaetz