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Iêmen lamenta morte de 29 crianças em ataque contra ônibus

As vítimas do ataque desta quinta-feira tinham menos de 15 anos e 30 dos 48 feridos são crianças

A coalizão acusa regularmente os huthis de se misturarem com os civis, ou de usá-los como escudos humanos (Naif Rahma/Reuters)

A coalizão acusa regularmente os huthis de se misturarem com os civis, ou de usá-los como escudos humanos (Naif Rahma/Reuters)

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AFP

Publicado em 10 de agosto de 2018 às 11h32.

A cidade de Dhayan, no Iêmen, continuava muito abalada, nesta sexta-feira (10), após a morte de 29 crianças em um bombardeio aéreo contra o ônibus no qual viajavam, um massacre que precisa de investigação "rápida" e "independente", como reivindicaram a ONU e os Estados Unidos.

Os funerais serão "mais à frente", disse à AFP Yahya Shahem, uma autoridade do Ministério da Saúde da região de Saada, no norte do Iêmen.

"Ainda há restos mortais por toda parte, e tentamos confirmar as identidades" dos mortos, acrescentou.

No lugar do ataque ainda se veem restos humanos e objetos pessoais das crianças, indicou um jornalista da AFP, enquanto nos hospitais tenta-se tratar dos inúmeros feridos.

Pelo menos 29 crianças de menos de 15 anos morreram na quinta-feira, em um ataque contra o ônibus, que estava em um frequentado mercado de Dahyan, uma zona no norte do Iêmen controlada pelos rebeldes huthis, segundo o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICR).

Um hospital que tem o apoio dessa organização cuida de 48 feridos, entre eles 30 crianças.

A coalizão militar liderada pela Arábia Saudita, que intervém desde 2015 contra os rebeldes, reconheceu ter lançado um bombardeio nessa área, mas garantiu que apontava para um ônibus, no qual viajavam "combatentes huthis".

Estados Unidos e a ONU demandam uma investigação. Nesta sexta, o Conselho de Segurança da organização se reúne a portas fechadas para discutir o ataque da coalizão saudita, informaram diplomatas da Casa. O encontro foi pedido por Bolívia, Holanda, Peru, Polônia e Suécia, todos membros não permanentes do conselho.

A porta-voz do Departamento de Estado americano, Heather Nauert, assegurou que os EUA estão "preocupados" com os informes sobre o ataque que causou a morte de civis.

"Pedimos à coalizão liderada pela Arábia Saudita que faça uma investigação exaustiva e transparente sobre o incidente", declarou.

Já o secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, pediu "uma investigação rápida e independente".

A coalizão liderada por Riad intervém no Iêmen para apoiar as forças do presidente Abd Rabo Mansur Hadi. Esse contingente combate os rebeldes huthis que tomaram importantes setores do país, incluindo a capital, Sanaa.

"Falta sangue"

Um porta-voz do CICR explicou à AFP que o balanço de vítimas não é definitivo, porque alguns foram transferidos para outros hospitais.

"Falta sangue", alertou Jameel Al-Fareh, um dos médicos das emergências do hospital da cidade de Saada, pedindo doadores.

A coalizão classificou seu ataque de "operação militar legítima". O ataque apontava para "elementos que [...] dispararam um míssil para a cidade [saudita] de Jizan, causando um morto e feridos entre os civis" na quarta-feira, de acordo com um comunicado.

Há uma semana a coalizão negou ter lançado ataques que deixaram, segundo o CICR, 55 mortos e 170 feridos em Hodeida, no oeste do Iêmen.

A cidade portuária de Hodeida é controlada pelos huthis, que atribuíram à coalizão a autoria desses ataques. A coalizão rejeita a acusação e responsabiliza os rebeldes.

A coalizão já foi acusada no passado de cometer vários ataques contra civis. Admitiu sua responsabilidade em alguns bombardeios, mas acusa regularmente os huthis de se misturarem com os civis, ou de usá-los como escudos humanos.

Membros da minoria zaidi (um braço do xiismo), os rebeldes huthis têm o apoio do Irã, mas Teerã nega qualquer tipo de ajuda militar.

"O mundo precisa realmente ver mais crianças inocentes mortas para deter a cruel guerra do Iêmen?", reagiu o diretor para Oriente Médio do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Geery Cappelaere.

"Os civis continuam pagando o preço mais alto depois de três anos de guerra no Iêmen", lamentou a organização Médicos Sem Fronteiras.

A guerra neste país deixou mais de 10.000 mortos desde que a Arábia Saudita lançou sua intervenção em 2015 e provocou "a pior crise humanitária" do mundo, segundo as Nações Unidas.

Até agora todos os esforços para pôr fim ao conflito fracassaram. A ONU organiza novas negociações em 6 de setembro em Genebra.

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