Os rebeldes alegam que seus ataques visam navios vinculados a Israel em solidadriedade aos palestinos na Faixa de Gaza (Amanda Mouawad/AFP Photo)
Agência de notícias
Publicado em 24 de janeiro de 2024 às 19h58.
Os rebeldes huthis do Iêmen lançaram, nesta quarta-feira, 24, mísseis contra dois navios americanos nas imediações do Mar Vermelho, obrigando-os a dar meia-volta, em um contexto no qual se multiplicam os ataques dos insurgentes e as represálias dos Estados Unidos.
Este novo ataque aconteceu após os bombardeios feitos à noite pelas forças americanas contra posições huthis no Iêmen, onde os rebeldes, em guerra contra o poder desde 2014, controlam grandes porções de território.
Segundo o porta-voz do Conselho de Segurança Nacional dos Estados Unidos, John Kirby, "três mísseis [foram disparados] contra dois navios" da filial americana da transportadora marítima dinamarquesa Maersk. Dois deles foram interceptados por um navio militar americano e o outro não alcançou seu alvo.
Os Estados Unidos vão continuar "fazendo o necessário para proteger" o transporte marítimo no Mar Vermelho, no Estreito de Bab el Mandeb e no Golfo de Áden, em frente ao litoral do Iêmen.
A Maersk confirmou que dois navios de sua filial norte-americana que transitavam pelo estreito e se dirigiam ao Mar Vermelho tiveram que dar meia-volta após detectar explosões nas proximidades.
O "Maersk Detroit" e o "Maersk Chesapeake" foram escoltados pela Marinha americana, indicou a empresa, detalhando que nem a carga, nem a tripulação tinham sofrido danos.
Os huthis confirmaram mais tarde que ocorreu um "confronto" com navios de guerra americanos que protegiam os dois navios comerciais.
Seu porta-voz militar, Yahya Saree, afirmou que vários mísseis do grupo atingiram seus alvos, forçando os navios mercantes a dar meia-volta.
A agência britânica de segurança marítima (UKMTO, na sigla em inglês) informou que houve uma "explosão a cerca de 100 metros" de um navio, 50 milhas náuticas a sul do porto iemenita de Moca, às margens do Mar Vermelho.
Os huthis começaram a atacar o transporte marítimo no Mar Vermelho em novembro, alegando que têm como alvos navios supostamente vinculados a Israel, em apoio aos palestinos de Gaza, devastada pela guerra entre Israel e Hamas.
Os ataques obrigaram diversas empresas a suspender sua passagem por essa via marítima, por onde transitam até 12% do comércio mundial.
Muitas transportadoras decidiram interromper os trajetos por esta região e realizar uma rota muito mais longa e mais cara pelo extremo sul da África.
Diante da multiplicação dos ataques, os Estados Unidos, e também o Reino Unido, começaram a bombardear posições huthis no Iêmen no início deste ano.
Os rebeldes advertiram que responderiam a qualquer um desses ataques.
Nesta quarta-feira, o grupo insurgente pediu à ONU que retire, no prazo de um mês, seus funcionários de nacionalidade britânica e americana das regiões que controla no Iêmen.
Além da ação militar, os Estados Unidos tentam exercer pressão diplomática e financeira sobre os huthis, e voltaram a classificá-los como uma organização "terrorista" na semana passada. O grupo tinha sido retirado da lista pouco depois de Joe Biden assumir a Presidência.
Os huthis são parte do que o Irã apresenta como o "eixo da resistência" contra Israel, que reúne movimentos armados da região como o Hezbollah libanês, o Hamas palestino e outras facções de Iraque e Síria.
No Catar, a companhia nacional QatarEnergy afirmou que seu fornecimento de gás natural liquefeito (GNL) poderia sofrer atrasos devido aos ataques.
"O que acontece agora na região do Mar Vermelho poderia ter impacto sobre a programação de alguns fornecimentos que vão percorrer itinerários alternativos", afirmou a empresa catari em comunicado.