Órban: o reconhecimento do premiê vem de suas atitudes e opiniões de extrema-direita
Da Redação
Publicado em 6 de abril de 2018 às 06h14.
Última atualização em 6 de abril de 2018 às 07h18.
Os húngaros vão às urnas neste domingo para eleições parlamentares que devem decidir quem será o primeiro-ministro para os próximos quatro anos no país.
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As chances são de que Viktor Orbán, líder conservador do partido Fidesz e atual desafeto-mór da União Europeia, seja eleito para um terceiro mandato consecutivo de quatro anos.
Ele, que é atualmente o segundo líder europeu há mais tempo no poder, atrás somente da chanceler alemã Angela Merkel, lidera as pesquisas com 47% das intenções de voto.
Orbán também foi o primeiro a chegar ao governo entre os nomes de extrema-direita que surgiram na Europa nos últimos anos.
Com uma oposição fragmentada entre sociais democratas, liberais, ex-comunistas e personalidades é esperado que não haja muito ganho de tração contra o Fidesz e o cristão democrata KDNP, que juntos ganharam mais de dois terços no parlamento nos últimos dois pleitos.
A economia também ajuda Orbán: desde que assumiu em 2010 o desemprego caiu de 11,4% para 3,8% e o PIB cresceu 4% no ano passado, a maior taxa de aumento dos últimos 12 anos.
Mas o reconhecimento do premiê vem de suas atitudes e opiniões de extrema-direita. Orbán é conhecido por ser um opositor ferrenho das cotas de imigrantes que a União Europeia tenta impor a seus membros, além de já ter expulsado imigrantes e ter construído uma barreira nas fronteiras com a Sérvia e a Croácia.
A xenofobia é parte marcante de seu discurso. Recentemente Orbán atacou até mesmo o bilionário George Soros, nascido na Hungria, que trabalha com ONGs de auxílio a imigrantes no país e foi um financiador do início de sua carreira política.
O governo de Orbán chegou aprovar medidas para registrar, penalizar e até mesmo barras pessoas que estão apoiando casos de “imigração ilegal” — as medidas foram chamadas pelo governo de “Stop Soros”.
Apesar das grandes chances, o destino ainda pode guardar surpresas para Viktor Orbán: 30% dos eleitores ainda estão indecisos quanto ao voto e a oposição acredita que uma participação de mais de 70% pode tirar a maioria do Fidesz. O recorde de participação nas eleições húngaras foi de 72%, em 2002.
Hoje, 47% dos eleitores acredita que não há como vencer o partido de Orbán, que mudou significamente o sistema eleitoral desde que tomou posse — ele diminuiu o número de assentos no parlamento de 386 para 199 em 2011 e mudou a geografia dos distritos para favorecê-lo. Se eleito neste domingo, Orbán deve continuar sendo a pedra no sapato da União Europeia.