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Greve geral na Argentina contra Macri mostra divisão no país

Entre as reivindicações, os sindicatos exigem a proteção da indústria nacional ante a abertura às importações, o fim das demissões e aumentos salariais

Mauricio Macri: a greve evidencia a disputa entre um governo disposto a seguir com as reformas econômicas e um movimento sindical que teme perder suas conquistas e ameaça intensificar os protestos sociais (Sergio Perez/Reuters)

Mauricio Macri: a greve evidencia a disputa entre um governo disposto a seguir com as reformas econômicas e um movimento sindical que teme perder suas conquistas e ameaça intensificar os protestos sociais (Sergio Perez/Reuters)

EC

Estadão Conteúdo

Publicado em 6 de abril de 2017 às 19h29.

Buenos Aires - A primeira greve geral contra o presidente Mauricio Macri nesta quinta-feira pôs em evidência a disputa que hoje atravessa a Argentina entre um governo disposto a ir fundo com as reformas econômicas e um poderoso movimento sindical que teme perder suas conquistas e ameaça intensificar os protestos sociais.

Sindicatos de distintos setores produtivos e do transporte público, da educação e a saúde aderiram à paralisação convocada pela Confederação Geral do Trabalho (CGT), a principal organização sindical, e as duas facções da esquerdista Central dos Trabalhadores da Argentina (CTA).

"Houve um chamado de atenção formidável da classe trabalhadora", elogiou Juan Carlos Schmid, um dos líderes da CGT, em entrevista coletiva.

Os sindicatos exigem a proteção da indústria nacional ante a abertura às importações, o fim das demissões, aumentos salariais e políticas sociais que melhorem as condições dos setores vulneráveis afetados por uma inflação que em 2016 ficou em 40%.

Já o chefe de gabinete do governo, Marcos Peña, afirmou que a greve "não foi uma expressão majoritária dos argentinos e dos trabalhadores".

"Não queremos que altere a expectativa que gerou a Argentina no mundo", disse Peña diante de empresários convocados para o Fórum Econômico Mundial sobre a América Latina.

O governo atribui o crescente conflito social a setores da oposição de olho nas eleições legislativas de outubro, uma das principais preocupações dos investidores, que veem esse cenário como similar às dificuldades enfrentadas por presidentes não peronistas na história argentina recente.

Schmid afirmou que os sindicatos não querem o fim do mandato de ninguém, ao ser questionado sobre declarações de que a CGT buscaria desestabilizar o governo.

"O eleitorado argentino elegeu Macri para que fique quatro anos e isso deve ser respeitado."

Nas primeiras horas da manhã, houve incidentes em uma das principais vias de acesso à capital entre as forças de segurança e manifestantes de partidos políticos e organizações sociais de esquerda que tentavam interromper a circulação da rodovia Panamericana.

Quando os agentes avançaram, os ativistas responderam com pedras, mas depois acabaram expulsos por jatos d'água e gás lacrimogêneo.

Com exceção desse episódio, a jornada de protestos transcorria com normalidade.

A greve deixou várias cidades sem ônibus e com colégios, bancos e aeroportos parados.

Macri, enquanto isso, inaugurou o Fórum Econômico Mundial sobre a América Latina e defendeu seu modelo econômico, que busca reverter medidas populistas da antecessora, a peronista de centro-esquerda Cristina Kirchner (2007-2015).

Já outro dirigente da CGT, Héctor Dáer, disse que "somos vítimas de políticas que em 15 meses não trazem consequências favoráveis para a maioria da sociedade".

Em 2016, o desemprego ficou em 7,6% e a pobreza atingia mais de 30% da população argentina.

Macri afirma que após cinco anos de estagnação e altos índices de inflação a economia crescerá neste ano e a inflação desacelerará para 17%.

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