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HRW denuncia morte de 51 jovens pela polícia na RDC

A organização denunciou a morte de 51 jovens e o desaparecimento de mais de 33 durante operação contra o crime


	Soldado da República Democrática do Congo: governo disse que a operação foi realizada para tentar pôr fim à criminalidade
 (Luc Gnago/Reuters)

Soldado da República Democrática do Congo: governo disse que a operação foi realizada para tentar pôr fim à criminalidade (Luc Gnago/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 18 de novembro de 2014 às 08h37.

Nairóbi - A organização Human Rights Watch (HRW) denunciou nesta terça-feira a morte de 51 jovens e o desaparecimento de mais 33 durante uma operação contra o crime realizada pela polícia em Kinshasa, capital da República Democrática do Congo (RDC).

No relatório "Operação Likofi: homicídios da polícia e desaparições forçosas" divulgado hoje, a HRW detalha como entre novembro de 2013 e fevereiro de 2014 agentes uniformizados - muitos deles com máscaras para não ser identificados - prenderam supostos membros de gangues e os mataram.

"A Operação Likofi foi uma campanha policial brutal, na qual houve um grande número de assassinatos a sangue frio na capital congolesa", afirmou o diretor da HRW para a África, Daniel Bekele, por meio de um comunicado.

Para elaborar o dossiê, a HRW entrevistou mais de 100 testemunhas, familiares das vítimas, agentes da polícia que participaram da operação e funcionários do governo.

O governo da RDC, por sua parte, disse que a operação foi realizada para tentar pôr um fim à criminalidade na capital, onde desde 2006 ocorre uma onda de roubos à mão armada e outros delitos graves.

No entanto, segundo denuncia a HRW, os policiais realizaram batidas generalizadas e detiveram muitos jovens, entre eles alguns meninos de rua, acusados falsamente.

O relatório relata como muitas das vítimas foram golpeadas e humilhadas em frente a uma grande multidão antes de serem assassinados pelos policiais.

"Em muitos casos, deixaram os corpos na rua, talvez para assustar aos demais, e só mais tarde foram recolhidos para necrotérios da cidade", segundo o relatório.

De acordo com a HRW, "os que morreram não representavam uma ameaça iminente à vida que pudesse justificar o uso da força letal pela polícia".

Em outubro, as Nações Unidas denunciaram estas execuções e desaparições em um de seus relatórios e, dois dias depois, o governo congolês expulsou do país o responsável de direitos humanos da ONU na RDC, Scott Campbell.

A RDC está imersa em um frágil processo de paz após a segunda guerra civil do Congo (1998-2003), que envolveu vários países africanos. Mais de 21 mil soldados da ONU estão presentes na RDC. 

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