Mundo

HRW alerta sobre falsas democracias e crescente opressão

ONG Human Rights Watch alertou sobre as falsas democracias, e o crescente abuso das maiorias para oprimir as minorias e cercear seus direitos


	Militares no Egito: relatório anual da HRW, apresentado hoje em Berlim, denuncia a evolução política no Egito
 (Amr Abdallah Dalsh/Files/Reuters)

Militares no Egito: relatório anual da HRW, apresentado hoje em Berlim, denuncia a evolução política no Egito (Amr Abdallah Dalsh/Files/Reuters)

DR

Da Redação

Publicado em 21 de janeiro de 2014 às 10h25.

Berlim - A ONG Human Rights Watch (HRW) alertou nesta terça-feira sobre as "falsas" democracias, e o crescente abuso das maiorias para oprimir as minorias e cercear seus direitos, tendo o Egito como principal exemplo, sem esquecer os casos de Turquia e Rússia.

O relatório anual da HRW, apresentado hoje em Berlim, denuncia a evolução política no Egito, critica como os governos autoritários aprenderam que "é possível adotar as formas, mas não a substância, da democracia" e, embora permitam as eleições, restringem o estado de direito e os direitos humanos.

O caso paradigmático para a organização é o Egito, que viu primeiro como o governo da Irmandade Muçulmana eleito nas urnas excluiu as minorias e os grupos laicos.

Depois, a situação piorou com o golpe militar que derrubou o presidente Mohammed Mursi, com o argumento de que "falava em nome da maioria", o que levou "à pior repressão vivida no país em décadas", com cerca de mil mortos.

Segundo a HRW, a Tunísia foi, em 2013, a prova de que o Egito poderia ter seguido outro caminho, já que, apesar dos problemas, o país foi capaz de manter um amplo e inclusivo diálogo político.

Outro exemplo da "utilização da maioria sem levar em conta os direitos" a ONG afirma ser a Turquia, cujo primeiro-ministro, Recep Tayyip Erdogan, conseguiu maioria parlamentar repetidamente, "mas mostra métodos de governo cada vez mais autocráticos".

"Nos encontramos, de forma cada vez mais generalizada, com exemplos típicos de repressão e exercício de domínio sobre as minorias, sejam étnicas ou sociais, a partir de vitórias eleitorais", disse o diretor-executivo da ONG, Kenneth Roth.

Isso implica uma distorção da "cultura das maiorias" e abuso das vitórias eleitorais que colocaram um grupo determinado no poder para passar a "pressionar" sobre o derrotado, continuou o responsável da ONG.

Ao lado dos casos da Tailândia e do Quênia, o relatório insiste especialmente na situação da Rússia e denuncia as medidas de Vladimir Putin para limitar os protestos da oposição, punir os dissidentes, limitar o trabalho das ONGs que recebem fundos do exterior e perseguir os coletivos homossexuais.

A HRW citou, ainda, a "brutalidade" contra os manifestantes na Ucrânia e destaca também em seu relatório, que aborda a situação em 90 países, a "intimidação" que a oposição e os grupos críticos sofrem na Venezuela sob o governo de Nicolás Maduro.

A China merece menção especial no relatório anual, onde são mencionadas as "modestas reformas" iniciadas pelo regime comunista enquanto continua havendo presos políticos e tenta-se manter a censura da internet.

Acompanhe tudo sobre:DemocraciaDireitos HumanosONGs

Mais de Mundo

Yamandú Orsi, da coalizão de esquerda, vence eleições no Uruguai, segundo projeções

Mercosul precisa de "injeção de dinamismo", diz opositor Orsi após votar no Uruguai

Governista Álvaro Delgado diz querer unidade nacional no Uruguai: "Presidente de todos"

Equipe de Trump já quer começar a trabalhar em 'acordo' sobre a Ucrânia