Houthis: movimento ignorou negociações sugeridas pela ONU para tirar Iêmen da crise (Khaled Abdullah/Reuters)
Da Redação
Publicado em 19 de fevereiro de 2015 às 18h28.
Sana - O movimento rebelde xiita dos houthis, que assumiu o poder no Iêmen, anunciou nesta quinta-feira o início da formação dos órgãos do Estado, ignorando as negociações sugeridas pela ONU para tirar o país da crise.
Segundo a agência oficial "Saba", o chamado Comitê Revolucionário Supremo, formado por 15 membros do grupo rebelde para comandar o país, anunciou essa medida com base na "declaração constitucional" promulgada no dia 6 de fevereiro pelos houthis.
O Comitê confirmou que a reforma institucional começou a ser realizada independente do diálogo entre as forças políticas que, segundo sua versão, "não deu nenhum resultado".
Os demais grupos políticos iemenitas não reconhecem a autoridade dos houthis, que assumiram o poder com o objetivo de "preencher o vazio" deixado pelo presidente do país, Abdo Rabbo Mansur Hadi, que renunciou em janeiro devido às pressões dos rebeldes.
O anúncio dessa medida unilateral ocorreu justo quando todas as forças, incluindo os houthis, estavam reunidas com o enviado da ONU para o Iêmen, Jamal Benomar, de modo a encontrar uma solução política para a crise.
Apesar da participação no diálogo, os houthis classificaram o processo como "estéril" e começaram a criar as instituições que, segundo seu plano, deverão comandar a transição do país durante dois anos.
Segundo a agência, os rebeldes xiitas começarão a criar um Conselho Nacional ou parlamento, de 551 membros e encarregado de analisar o projeto constitucional que o grupo tinha rejeitado até elaborar uma nova versão que seja submetida a consulta popular.
Posteriormente, deve ser formado um conselho presidencial de cinco membros e um novo governo para comandar o Iêmen.
Há dois dias, o movimento xiita recusou o pedido do Conselho de Segurança da ONU de abandonar o poder no Iêmen e negociar com o restante das forças políticas.
Em clima de crescente instabilidade, os houthis tomaram com o controle de sete províncias do país nos últimos meses, incluindo a capital, e atualmente se viram imersos em confrontos contra grupos tribais sunitas e milicianos da Al Qaeda.